HEMOSTASIA DO COTO UTERINO COM O LIGAMENTO LARGO E REDONDO DO ÚTERO EM GATAS

Abstract

RESUMO: Desde a década de 1970, foram implantados programas de controle populacional de cães e gatos em todo o mundo, objetivando a adoção responsável. Isso tornou a ovário-histerectomia (OH) em cadelas e gatas, o procedimento cirúrgico eletivo mais realizado na rotina da Medicina Veterinária. Com a evolução do conhecimento cirúrgico na medicina veterinária, surgiram várias técnicas de hemostasia do pedículo ovariano e coto uterino que são utilizadas nas cirurgias de esterilização de gatas e cadelas, oferecendo, cada uma das técnicas vantagens e desvantagens para o paciente e para o cirurgião. A utilização de materiais que se assemelham ao tecido ou estrutura orgânica do paciente vem sendo cada vez mais procurada na medicina humana por conta das reações teciduais gerada por implantes sintéticos. Na Medicina Veterinária é comum relato de reações inflamatórias aos materiais utilizados na hemostasia do complexo arteriovenosos (CAVO) ou coto uterino, que, dependendo da técnica, pode desencadear a formação de granulomas ou fistulas a longo prazo. Nesse projeto utilizou-se o ligamento largo e redondo do útero da própria gata (autólogo) na confecção do nó cirúrgico para efetuar a hemostasia do coto uterino, bem como, a realização de teste de biomecânica e histologia dos ligamentos uterinos. Foram realizadas 20 OH, divididas em dois grupos: OH tradicional e OH experimental. Durante a exérese uterina, para quantificar uma possível perda de sangue, foi realizada a compressão do coto uterino com gazes, verificando-se que, em ambas as técnicas, não houve diferença estatística quanto à massa das gazes após a compressão (p= 0,63). Com relação à avaliação de dor no pós-cirúrgico não houve diferença entre o método convencional e a técnica de hemostasia com ligamento largo e redondo utilizando a Escala de dor de Glasgow modificada. No retorno para retirada dos pontos cirúrgicos, todas as gatas passaram por avaliação clínica e de imagem na qual não se demonstrou nenhuma alteração na cavidade abdominal após 15 dias de alta. Microscopicamente, constatou-se que os ligamentos do lado direito e esquerdo são compostos de tecido conjuntivo denso e apresentam núcleos de fibroblastos tanto na região caudal como cranial, não havendo diferença histológica em relação à lateralidade. Testes biomecânicos dos ligamentos redondo e largo, juntos na mesma amostra, pôde-se verificar que força de ruptura (N) é significativa, chegando ao máximo de 9 Newton. Conclui-se que essa técnica de hemostasia pode ser incorporada na rotina cirúrgica em OH de gatas. Entretanto, é necessário o treinamento do cirurgião como ocorre em todas as técnicas novas.

ABSTRACT: Since the 1970s, associations have encouraged the implementation of population control programs for dogs and cats across the the world, aiming at responsible adoption, this makes the ovary-hysterectomy (OH) the elective surgical procedure most performed in the routine of Veterinary Medicine. With the evolution of surgical knowledge in veterinary medicine, there are currently several techniques for hemostasis of the ovarian pedicle and uterine stump that are used in sterilization surgeries for female and dog cats, offering each of the techniques advantages and disadvantages for the patient and the surgeon. The use of materials that resemble the patient's tissue or organic structure has been increasingly sought after in human medicine due to the tissue reactions generated by synthetic implants. In Veterinary medicine, it is common to report inflammatory reactions to the materials used in the hemostasis of the CAVO or uterine stump, that depending on the technique can trigger the formation of granulomas or fistulas in the longterm. In this thesis we intend to use the broad and round ligament of the cat's uterus to make the surgical knot to effect hemostasis of the uterine stump, as well as, conducting a biomechanics test and histology of the uterine ligaments. 20 OH were performed, divided into two traditional OH and experimental OH. During uterine exeresis, to quantify a possible blood loss, compression of the uterine stump with gases, verifying that in both techniques there was no statistical difference as to the mass of the gases after compression (p= 0,63). Regarding the evaluation of pain after surgery, there was no difference between the conventional method and the technique of hemostasis with wide and round ligament using the modified Glasgow Pain Scale. Upon return for removal of the surgical stitches, all cats underwent clinical and imaging evaluation, which showed no changes in the abdominal cavity after 15 days of discharge. Microscopically, it was found that the ligaments on the right and left sides are composed of dense connective tissue and have fibroblast nuclei in both the caudal and cranial regions, with no histological difference regarding laterality. Biomechanical tests of the round and wide ligaments, together in the same sample, it was possible to verify that the rupture force (N) is significant, reaching a maximum of 9 Newtons. It is concluded that this hemostasis technique can be incorporated into the surgical routine in OH females. However, it is necessary to train the surgeon as in all new techniques.