Abstract:
RESUMO: INTRODUÇÃO: A literatura tem relatado deficiência em magnésio, selênio e zinco em indivíduos com obesidade, com prejuízo na realização de suas funções fisiológicas, o que parece comprometer o sistema de defesa antioxidante endógeno em organismos obesos. OBJETIVO: Avaliar a associação entre biomarcadores minerais (magnésio, selênio e zinco) e o sistema de defesa antioxidante em mulheres obesas. MATERIAIS E MÉTODOS: Estudo transversal envolvendo mulheres que foram distribuídas em dois grupos: mulheres com índice de massa corpórea ≥ 35 kg/m² (obesas) e mulheres com índice de massa corpórea entre 18,5 e 24,9 kg/m² (eutróficas). Este estudo é um recorte do projeto “Impacto de minerais em distúrbios endócrino-metabólicos”. Foram conduzidas determinações de parâmetros do controle glicêmico e lipídios séricos. Os índices Homeostasis Model Assessment Insulin Resistance e Homeostasis Model Assessment -β foram calculados. As análises de cortisol sérico, leptina plasmática, concentrações plasmáticas de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico, atividade das enzimas superóxido dismutase, glutationa peroxidase e catalase nos eritrócitos foram realizadas. A análise da ingestão de energia, macronutrientes, magnésio, selênio e zinco e a determinação das concentrações plasmáticas, eritrocitárias e urinárias destes minerais foram conduzidas. Os dados foram analisados por meio do programa estatístico R. RESULTADOS: Foram incluídas 140 mulheres (63 obesas e 77 eutróficas), com idade média respectivamente de 34,30 ± 8,29 e 35,22 ± 7,95 anos. Os valores médios do índice de massa corporal foram 41,50 ± 5,94 e 22,39 ± 5,94 35 kg/m² para mulheres com obesidade e eutróficas, respectivamente (p< 0,05). As mulheres com obesidade possuíam concentrações plasmáticas e eritrocitárias de magnésio, selênio e zinco reduzidas e valores de excreção urinária aumentados, quando comparadas ao grupo de eutróficas (p<0,05). As participantes obesas apresentaram concentrações plasmáticas elevadas de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico e atividade reduzida da enzima superóxido dismutase nos eritrócitos (p<0,05). O estudo revelou associação positiva entre as concentrações eritrocitárias de zinco e selênio e a atividade das enzimas glutationa peroxidase e superóxido dismutase eritrocitárias nas mulheres obesas (p < 0,05). Além disso, a análise de regressão identificou associação positiva entre a insulina sérica e a enzima glutationa peroxidase, sendo esta dependente do selênio dietético (p<0,05). CONCLUSÃO: A associação identificada entre a deficiência em minerais (selênio e zinco) e os marcadores antioxidantes sugere prejuízo da contribuição destes micronutrientes no sistema de defesa antioxidante e na atenuação de vias pró-oxidantes nas mulheres com obesidade avaliadas, induzindo o estresse oxidativo.
ABSTRACT: INTRODUCTION: The literature has reported magnesium, selenium and zinc deficiency in obese individuals. This deficiency impairs physiological functions of these minerals, which seems to impair the endogenous antioxidant defense system in obese organisms. OBJECTIVE: To evaluate the association between mineral biomarkers (magnesium, selenium and zinc) and the antioxidant defense system in obese women. MATERIALS AND METHODS: Cross-sectional study involving women who were divided into: women with body mass index ≥ 35 kg/m² (obese) and women with body mass index between 18.5 and 24.9 kg/m² (eutrophic). This study is part of the project “Impact of minerals on endocrine-metabolic disorders”. Determinations of glycemic control and serum lipid parameters were conducted. Homeostasis Model Assessment Insulin Resistance and e Homeostasis Model Assessment -β indices were calculated. Serum cortisol, plasma leptin, plasma concentrations of thiobarbituric acid reactive substances, activity of the superoxide dismutase, glutathione peroxidase, and catalase erythrocyte enzymes were performed. Analysis of energy intake, macronutrients, magnesium, selenium and zinc and the determination of plasma, erythrocyte and urinary concentrations of these minerals were conducted. Data were analyzed using the R statistical program. RESULTS: A total of 140 women (63 obeses and 77 euthrophic) were included, with an average age of 34.30 ± 8.29 and 35.22 ± 7.95 years, respectively. The mean body mass index values were 41.50 ± 5.94 and 22.39 ± 5.94 35 kg/m² for obese and eutrophic women, respectively (p<0.05). Obese women had reduced plasma and erythrocyte concentrations of magnesium, selenium and zinc and increased urinary excretion when compared to the control group (p<0.05). Obese participants had higher plasma concentrations of thiobarbituric acid reactive substances and lower activity of the enzyme superoxide dismutase in erythrocytes (p <0.05) than eutrophic women. The study revealed a positive association between erythrocyte concentrations of zinc and selenium, and the activity of the enzymes glutathione peroxidase and erythrocyte superoxide dismutase in obese women (p <0.05). In addition, regression analysis identified a positive association between serum insulin and glutathione peroxidase enzyme, which is dependent on dietary selenium (p <0.05). CONCLUSION: The association between mineral deficiency (selenium and zinc) and antioxidant markers suggests impairment of the contribution of these micronutrients to the antioxidant defense system and attenuation of pro-oxidant pathways in the obese women evaluated, inducing oxidative stress.