Abstract:
RESUMO: A espécie Annona coriacea Mart. (Annonaceae) distribui-se por todo Brasil e apresenta
importância significativa na descoberta de novos fármacos. O presente trabalho teve como
objetivo analisar as características biológicas, químicas e farmacológicas da espécie Annona
coriacea Mart., frente a diversos ensaios. O material vegetal foi coletado no Piauí (Cerrado
Setentrional), município de Campo Maior. As folhas foram desidratadas à temperatura
ambiente e moídas para a posterior extração dos extratos hexânico de Annona coriacea (EHAC
15,96g; 7,98%) e extrato etanólico de Annona coriacea (EEAC 19,43g; 9,71%). A investigação
fitoquímica mostrou, para ambos os extratos, a presença de taninos, flavonoides, alcaloides,
triterpenos/esteroides e cumarinas, característicos do gênero Annona. O conteúdo de
fitoquímicos, obtido por curvas de calibração, revelou um conteúdo aproximado de 52,16 mg
de fenóis; 99,6 mg de flavonoides; 17,78 de taninos hidrolisados e 18,17 mg de
proantocianidinas por grama do EEAC. O EHAC apresentou 13,8 mg de fenóis; 15,2 mg de
flavonóides; 5,64 de taninos hidrolisados por grama do extrato. Nos ensaios de eliminação de
radicais livres o EEAC reduziu metade dos radicais DPPH com uma concentração de 77,1
µg/mL e apresentou uma capacidade antioxidante equivalente ao Trolox de 144,8 mM por
grama de amostra. O EHAC foi menos efetivo nesses ensaios e reduziu em apenas 1058 µg/mL
o DPPH e o efeito antioxidante sobre o ABTS foi de apenas 27,8 mM/g de amostra. Os extratos
apresentaram excelente atividade larvicida, as concentrações de 20 µg/mL do EEAC e 40
µg/mL do EHAC causaram uma letalidade de 100% das larvas de A. aegypti, após 48h de
exposição com uma CL50 de 0,84µg/mL e 0,90 µg/mL, respectivamente. Os EEAC e EHAC
também demostraram elevada toxicidade sobre Artemia salina não sendo possível calcular a
DL 50. O EEAC mostrou-se um potente inibidor da enzima acetilcolinesterase (AChE) com
inibição >50% e CI50 = 6,966 mg/mL. A atividade de inibição do EHAC foi menor que 50%, e
sua CI50 não foi determinada. Os extratos foram inativos contra bactérias gram-positiva
(Staphylococcus aureus ATCC 25923; S. epidermides newprow 0128), gram-negativas
(Escherichia coli ATCC 25922, Pseudomonas aeruginosa HUT001) e fungos (Candida
albicans ATCC 10231 e Candida krusei ATCC 34135) com MIC ≥1024. Contra a cepa
resistente a múltiplas drogas de S. aureus (SA1199-B) que superexpressa a bomba de efluxo
NorA, o EEAC em concentrações subinibitórias foi capaz de reduzir em até 4 vezes a CIM da
norfloxacina, enquanto a EHAC em apenas 2 vezes. Quando os extratos foram associados ao
brometo de etídio, um substrato da bomba de efluxo NorA, observou-se uma queda da CIM do
corante em 8 e 2 vezes com o EEAC e com o EHAC, respectivamente. Esses resultados são
promissores e sugerem que os extratos possuem fitoquímicos que inibem a bomba de efluxo
NorA, e tornam a cepa mais sensível ao antibiótico, possuem potencial inseticida biodegradável
contra A. aegypti, boa inibição da AChE e também toxicidade contra A. salina fornecendo
subsídios para futuros ensaios de atividade antiproliferativa.
ABSTRACT: The species Annona coriacea Mart. (Annonaceae) is distributed throughout Brazil and presents
significant importance in the discovery of new drugs. The present work had as objective to
analyze the biological, chemical and pharmacological characteristics of the species Annona
coriacea Mart., in front of several tests. The plant material was collected in Piauí (Northern
Cerrado), municipality of Campo Maior. The leaves were dehydrated at room temperature and
milled for the subsequent extraction of hexane extracts of Annona coriacea (EHAC 15.96g,
7.98%) and ethanolic extract of Annona coriacea (EEAC 19.43g, 9.71%). Phytochemical
research showed, for both extracts, the presence of tannins, flavonoids, alkaloids, triterpenes /
steroids and coumarins, characteristic of the genus Annona. The content of phytochemicals,
obtained by calibration curves, revealed an approximate content of 52.16 mg of phenols; 99.6
mg flavonoids; 17.78 hydrolysed tannins and 18.17 mg proantocyanidins per gram of EEAC.
The EHAC presented 13.8 mg of phenols; 15.2 mg flavonoids; 5.64 tannins hydrolyzed per
gram of extract. In the free radical scavenging assays the EEAC reduced half of the DPPH
radicals at a concentration of 77,1 μg / mL and had an antioxidant capacity equivalent to Trolox
of 144.8 mM per gram of sample. EHAC was less effective in these assays and reduced DPPH
by only 1058 μg / mL and the antioxidant effect on ABTS was only 27.8 mM / g of sample.
The extracts showed excellent larvicidal activity, the concentrations of 20 μg / mL of the EEAC
and 40 μg / mL of the EHAC caused a lethality of 100% of Aedes aegypti larvae, after 48h of
exposure with an LC50 of 0.84 μg / mL and 0.90 μg / mL, respectively. EEAC and EHAC also
showed high toxicity on Artemia salina, it was not possible to calculate DL 50. EEAC proved
to be a potent inhibitor of acetylcholinesterase enzyme (AChE) with> 50% inhibition and IC
50 = 6,966 mg / mL. The HBV inhibition activity was less than 50%, and its IC50 was not
determined. The extracts were inactive against gram-positive (Staphylococcus aureus ATCC
25923; S. epidermides newprow0128), gram-negative (Escherichia coli ATCC 25922,
Pseudomonas aeruginosa HUT001) and fungi (Candida albicans ATCC 10231 and Candida
krusei ATCC 34135) with MIC ≥1024. Against the S. aureus multiple drug resistant strain
(SA1199-B) overexpressing the NorA efflux pump, the EEAC at subinhibitory concentrations
was able to reduce the MIC of norfloxacin by up to 4 times, whereas the HACA only by 2-fold.
When the extracts were associated with ethim bromide, a substrate of the NorA efflux pump, a
decrease of the MIC of the dye was observed 8 and 2 times with the EEAC and with the HACA,
respectively. These results are promising and suggest that the extracts have phytochemicals that
inhibit the NorA efflux pump, make the strain more sensitive to the antibiotic, have a
biodegradable insecticidal potential against A. aegypti, good inhibition of AChE and also
toxicity against A. salina providing subsidies for future antiproliferative activity assays.