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RESUMO: Introdução: A incidência e a gravidade das quedas aumentam consideravelmente a partir da sexta década de vida. Estima-se que 30% dos idosos não institucionalizados caem a cada ano, sendo esses episódios indicadores de perda da funcionalidade principal causa de hospitalizações e mortes acidentais entre idosos. Objetivo: Analisar a prevalência de quedas e fatores associados em idosos residentes na área urbana da cidade de Teresina. Métodos: Estudo transversal com dados do “Inquérito de Saúde Domiciliar do Piauí (ISAD-PI)”, realizado no período de outubro/2018 a dezembro/2019. Adotou-se amostragem por conglomerado em dois estágios (setores censitários e domicílios). Selecionou-se dados de 218 idosos residentes em Teresina- PI. Associações estatísticas foram verificadas por meio do teste de Qui-quadrado de Pearson. Realizou-se análise de regressão de Poisson com variância robusta para estimar as prevalências e razões de prevalência bruta (RP) e ajustada (RPa) e seus respectivos intervalos de confiança de 95% (IC95%). Resultados: Os participantes do estudo foram, em sua maioria, do sexo feminino (66%), com escolaridade de 0 a 7 anos de estudo (64,4%), renda familiar de até dois salários mínimos (54,8%), insuficientemente ativos (53,7%), com comorbidades (80,7%), em uso de três ou mais medicamentos (64,8%). A prevalência de quedas foi de 44,5%, sendo mais frequente no sexo feminino (52,8%). Predominaram quedas na residência (56,5%) e quedas do mesmo nível (42,4%). A prevalência de quedas foi associada estatisticamente com o sexo feminino (RPa:1,89; IC95%:1,38-2,57; p=0,001), menor escolaridade (0-7 anos de estudos) (RPa:1,48; IC95%:1,01-2,20; p=0,04), tabagismo (RPa:1,40; IC95%:1,09-
1,80; p=0,009), dependência para realizar atividades diárias (RPa:1,72; IC95%:1,24- 2,40; p=0,002), doença mental (RPa:1,82; IC95%:1,19-2,78; p=0,007), depressão (RPa:1,56; IC95%:1,01-2,43; p=0,04), uso de antidepressivos (RPa:2,14; IC95%:1,03- 4,45; p =0,04) e antiparkinsonianos (RPa:2,29; IC95%:1,01-5,21; p=0,04). O uso de medicamentos antiosteoporóticos mostrou-se protetor para a ocorrência de quedas (RPa:0,37; IC95%:0,15-0,90; p=0,03). Conclusão: A prevalência de quedas em idosos não institucionalizados residentes em Teresina foi elevada e sua ocorrência foi associada ao sexo feminino, baixa escolaridade, tabagismo, doenças mentais e uso de medicamentos com atuação no sistema nervoso central. Ao apresentar o padrão de ocorrência e fatores de riscos para quedas em idosos comunitários, o estudo contribui para orientar profissionais de saúde e gestores no planejamento de ações públicas que previnam essas ocorrências e promovam a saúde da pessoa idosa.
ABSTRACT: Introduction: The incidence and severity of falls increase considerably after the sixth decade of life. It is estimated that 30% of non-institutionalized elderly people fall each year, these episodes being indicative of loss of functionality, the main cause of hospitalizations and accidental deaths among the elderly. Objective: To analyze the prevalence of falls and associated factors in elderly people living in the urban area of the city of Teresina. Methods: Cross-sectional study with data from the “Piauí Home Health Survey (ISAD-PI)”, carried out from September/2018 to December/2019. Sampling was adopted, which was conglomerated in two stages (census sectors and households). Data from 218 elderly people living in Teresina-PI were selected. Statistical associations were verified using Pearson's chi-square test. Poisson regression analysis with robust variance was performed to estimate the prevalence and the and crude (PR) and adjusted (RPa) prevalence ratios and their respective 95% confidence intervals (95% CI). Results: The study participants were mostly female (66%), with 0 to 7 years of study (64.4%), family income of up two minimum wages (54.8%), insufficiently active (53 , 7%), with comorbidities (80.7%), using three or more medications (64.8%). The prevalence of falls was of 44.5%, being more frequent among women (52.8%). Falls at home (56.5%) and falls at the same level (42.4%) were predominant. The prevalence of falls was statistically associated with the female gender (RPa: 1.89; 95% CI: 1.38-2.57; p = 0.001), less education (0-7 years of schooling) (RPa: 1.48; 95% CI: 1 , 01-2.20; p = 0.04), smoking (RPa: 1.40; 95% CI:1.09-1.80; p = 0.009), dependence to perform daily activities (RPa: 1.72; 95% CI: 1.24-2.40; p = 0.002), mental illness (RPa: 1.82; 95% CI: 1.19 -2.78; p = 0.007), depression (RPa: 1.56; 95% CI: 1.01-2.43; p = 0.04), use of antidepressants (RPa: 2.14; 95% CI:1,03-4.45; p = 0.04) and antiparkinsonians (RPa: 2.29; 95% CI: 1.01-5.21; p = 0.04). The use of anti-osteoporotic medication was shown to be protective against the occurrence of falls (RPa: 0.37; 95% CI: 0.15-0.90; p =0.03). Conclusion: The prevalence of falls in non-institutionalized elderly residents in Teresina was high. Its occurrence was associated to: female gender, low education, smoking, mental illnesses and use of drugs that act on the central nervous system. By presenting the pattern of occurrence and risk factors for falls in elderly community members, the study contributes to guide health professionals and managers in planning public actions that prevent these occurrences and promote the health of the elderly.