Abstract:
RESUMO:A espécie Terminalia fagifolia Mart., presente no cerrado brasileiro, se destaca pelo seu uso
etnofarmacológico. Em estudos anteriores, a fração aquosa do extrato etanólico de T. fagifolia
apresentou resultados promissores no tocante à atividade antibacteriana, antibiofilme,
citotóxica, antiulcerogênica e vasorrelaxante, sendo a fração do extrato etanólico mais ativa
dentre aquelas testadas. Dessa forma, o objetivo desse estudo foi averiguar o potencial
biotecnológico da fração aquosa do extrato etanólico de T. fagifolia Mart., bem como isolar e
identificar seu constituinte majoritário. A fração aquosa foi avaliada quanto ao seu potencial
antifúngico contra leveduras e fungos filamentosos, de acordo com os documentos M27-A3 e
M38-A2 da CLSI – Clinical and Laboratory Standards Institute (2008), com posterior análise
das alterações morfológicas em Candida albicans por microscopia de força atômica. O
potencial anti-inflamatório da fração aquosa foi verificado por meio dos modelos de edema de
pata e peritonite induzidos por carragenina em camundongos, além do modelo de
neuroinflamação induzida por lipopolissacarídeo em células microgliais. A atividade
antioxidante da fração aquosa foi caracterizada por ensaios in vitro, tais como sequestro dos
radicais DPPH, ABTS, além da capacidade de redução do ferro (FRAP) e de absorção do radical
oxigênio (ORAC). A toxicidade da fração aquosa foi testada em eritrócitos humanos e em larvas
de Galleria mellonella. Para identificação do constituinte majoritário, o estudo fitoquímico da
fração aquosa foi realizado por meio de cromatografia líquida de alta eficiência, cromatografia
líquida acoplada à espectrometria de massas e ressonância magnética nuclear. As características
do mecanismo de ativação da molécula foram estudadas usando simulações computacionais de
química quântica. O extrato etanólico e a fração aquosa de T. fagifolia foram utilizados para
síntese verde de nanopartículas de prata (AgNPs), que foram caracterizadas por espectroscopia
do ultra-violeta ao visível, infra-vermelho com transformada de Fourier, análise de
rastreamento de nanopartículas, microscopia eletrônica de transmissão acoplada a
espectroscopia por dispersão de energia e voltametria cíclica. Uma vez caracterizadas, as
AgNPs foram testadas quanto a sua atividade antioxidante (DPPH, ABTS, FRAP e ORAC),
com determinação de fenólicos e flavonoides totais, além da sua atividade antibacteriana e
antifúngica. O teste de hemólise foi realizado para verificar a atividade hemolítica das AgNPs.
Após a realização dos testes, a fração aquosa demonstrou excelente potencial antifúngico,
principalmente contra leveduras sensíveis e resistentes do gênero Candida sp.. Em relação aos
modelos murinos utilizados, a fração aquosa diminuiu significativamente (p<0.05) o edema de
pata na terceira hora, com percentual de inibição do processo inflamatório semelhante ao da
Indometacina, além disso, reduziu significativamente (p<0.05) os níveis de malondialdeído no
modelo de peritonite. Em micróglias, o pré-tratamento com a fração aquosa foi capaz de inibir
significativamente a produção de fator nuclear kappa B após indução com lipopolissacarídeo.
Quanto aos ensaios de toxicidade, a fração aquosa não demonstrou toxicidade contra as larvasde G. mellonella e não diminuiu a viabilidade dos eritrócitos, nas concentrações ≤ 500 µg/mL.
A partir das análises fitoquímicas, identificou-se um derivado do ácido elágico, eschweilenol
C, como o constituinte majoritário da fração aquosa. Os estudos teóricos mostraram semelhança
estrutural entre a molécula isolada e a indometacina, além de um excelente potencial
antioxidante. Com o extrato etanólico e a fração aquosa foi possível sintetizar nanopartículas
de prata esféricas e poligonais, respectivamente e as AgNPs sintetizadas apresentaram atividade
antimicrobiana e potencial antioxidante. Os resultados obtidos nessa investigação indicam que
a fração aquosa do extrato etanólico tem potencial para aplicação na área biomédica, com baixa
toxicidade. Com a fração aquosa rica em metabólitos secundários foi possível reduzir e
estabilizar a prata, resultando em nanopartículas de prata bioativas.
ABSTRACT:The species Terminalia fagifolia Mart., present in the Brazilian cerrado, stands out for its
ethnopharmacological use. In previous studies, the aqueous fraction of the ethanolic extract of
T. fagifolia showed promising results regarding the antibacterial, antibiofilm and cytotoxic
activities, being the fraction of the ethanolic extract more active among those tested. Thus, the
objective of this study was to investigate the biotechnological potential of the aqueous fraction
of the ethanolic extract of T. fagifolia Mart., as well as to isolate and identify its major
compound. The aqueous fraction was evaluated for its antifungal potential against yeasts and
filamentous fungi, according to the documents M27-A3 and M38-A2 of CLSI (2008), with
subsequent analysis of the morphological alterations in Candida albicans by atomic force
microscopy. The anti-inflammatory potential of the aqueous fraction was verified by
carrageenan-induced paw edema and peritonitis models in mice, in addition to the model of
LPS-induced neuroinflammation in microglial cells. The antioxidant activity of the aqueous
fraction was characterized by in vitro assays, such as sequestration of DPPH, ABTS radicals,
in besides iron reduction capacity (FRAP) and ORAC value. Toxicity of the aqueous fraction
was tested on human erythrocytes and Galleria mellonella larvae. For the identification of the
major constituent, the phytochemical study of the aqueous fraction was performed using HPLC,
LC-MS and NMR. Further insights on the activation mechanism were studied using quantum
chemistry computer simulations. The ethanolic extract and the aqueous fraction of T. fagifolia
were used for green synthesis of silver nanoparticles (AgNPs), which were characterized by
UV-vis spectroscopy, FTIR, NTA, TEM/EDS and cyclic voltammetry. Once characterized, the
AgNPs were tested for their antioxidant activity (DPPH, ABTS, FRAP and ORAC), with
determination of phenolics and total flavonoids, in addition to their antibacterial and antifungal
activity. The haemolysis test was performed to verify the hemolytical activity of AgNPs. After
the tests, the aqueous fraction showed excellent antifungal potential, especially against sensitive
and resistant yeasts of the genus Candida sp.. In relation to the murine models used, the aqueous
fraction significantly (p<0.05) decreased the paw edema in the third hour, with percentage of
inhibition of the inflammatory process similar to Indomethacin, in addition, significantly
(p<0.05) reduced the levels of malondialdehyde in the peritonitis model. In microglia, pretreatment with the aqueous fraction was able to significantly inhibit the production of NF-κB
after induction with LPS. As for the toxicity tests, the aqueous fraction showed no toxicity
against G. mellonella larvae and did not decrease the viability of erythrocytes at the
concentrations ≤ 500 µg/mL. From the phytochemical analyzes, eschweilenol C, an ellagic acid
derivative, was identified as the major constituent of the aqueous fraction. The theoretical
studies showed structural similarity between isolated molecule and indomethacin, besides an
excellent antioxidant potential. With the ethanolic extract and the aqueous fraction it was
possible to synthesize spherical and polygonal silver nanoparticles, respectively, and the
synthesized AgNPs presented antimicrobial activity and antioxidant potential. The resultsobtained in this investigation indicate that the aqueous fraction of ethanolic extract has potential
for application in the biomedical area, with low toxicity. With the aqueous fraction rich in
secondary metabolites it was possible to reduce and stabilize silver, resulting in bioactive silver
nanoparticles.