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RESUMO:As comunidades rurais, especialmente de países em desenvolvimento, detêm vastos
conhecimentos, a partir dos quais se desenvolvem práticas tradicionais, principalmente, as
relacionadas com o cotidiano das atividades agrícolas, como o uso de plantas no combate de
pragas na agricultura. Esta pesquisa, por intermédio da abordagem etnobiológica, partindo de
problemáticas como perda de conhecimento tradicional agrícola e a necessidade de resgate de
práticas ambientalmente sustentáveis, objetivou analisar a gestão do conhecimento tradicional
de plantas praguicidas conhecidas e usadas na agricultura de subsistência nas comunidades
rurais Cacimba, Gangorra, Olho D’água da Fazenda e Poço do Jatobá, do município de
Sigefredo Pacheco, no Nordeste do Brasil. Especificamente, procurou-se: estudar os aspectos
sociais e econômicos das comunidades; levantar as plantas praguicidas conhecidas e as usadas
(no presente e no passado); identificar a transmissão da informação sobre o uso dessas plantas;
verificar os conhecimentos tácitos dos pesquisados quanto ao domínio praguicida; conhecer a
interferência do conhecimento exógeno no controle de pragas; discutir a importância dos
conhecimento tradicional de plantas praguicidas; e propor uma ferramenta de gestão chamada
de Quadro de Gestão do Conhecimento Tradicional (QGCT). O trabalho metodológico em
campo foi desenvolvido entres os anos 2015 e 2018, por meio das técnicas de Rapport,
entrevistas semiestruturadas com uso de formulário, turnê-guiada, coleta botânica e oficinas
participativas. A autoidentificação como agricultor(a) familiar e a maioridade foram critérios
de inclusão no estudo, que ao final obteve 111 participantes, entre homens e mulheres. Todas
as residências das quatro comunidades foram visitadas, no intuito de levantar dados
socioeconômicos, sociodemográficos, de produção, conhecimento e uso de plantas praguicidas.
O estudo de cunho qualiquantitativo, além de estatística descritiva e aplicação de índices de
diversidade, analisou dados êmicos de percepção ambiental. Constatou-se que, as comunidades
rurais estudadas possuem características socioculturais e produtivas que as classificam como
tradicionais, pertencentes a agricultura familiar, além de fazerem uso de plantio em consórcio
como estratégia de conservação on farm. No entanto, a maioria do agricultores (n= 62)
entrevistados utiliza agrotóxicos, com maior ênfase no uso de herbicidas. As informações para
o uso de agrotóxico recebem influências endógenas e exógenas às comunidades rurais, sendo
estas últimas representadas, especialmente, pela televisão, rádio, comércio local, agências
bancárias e os serviços de extensão rural. Dos entrevistados, 39 conhecem plantas praguicidas
e apenas 18 fazem uso. A espécie mais citada foi Azadirachta indica A. Juss. (Nim) e a mais
utilizada foi Nicotiana tabacum L. (Fumo). O uso dessas plantas é mais repassado de forma
endógena, dentro das próprias comunidades, entre parentes e amigos. Fontes exógenas desse
conhecimento de plantas, como a extensão rural, também foram citadas, mas com menor
influência, se comparado ao repasse de informações dessas fontes para o uso de agrotóxicos.
Constatou-se a partir do QGCT, processos de conversão de conhecimento tácito em explícito e
vice-versa, por intermédio das trocas de experiência entre os agricultores presentes nas
reuniões, mostrando-se como instrumento importante na preservação da sabedoria popular
sobre o conhecimento agrícola, podendo ser utilizado pelos serviços de extensão rural na
tomada de decisão sobre políticas voltadas ao campo, de forma específica o manejo sustentável
nos agroecossistemas. Praguicidas botânicos são fundamentais para a qualidade de vida e saúde
ambiental em ambientes periféricos.
ABSTRACT:Rural communities, especially from developing countries, have extensive knowledge, from
which they develop traditional practices, especially those related to the daily activities of
agriculture, such as the use of plants against pests in agriculture. This research, through the
ethnobiological approach and based on issues such as loss of traditional agricultural knowledge
and the need of rescue environmentally sustainable practices, had as general objective to
analyze the management of traditional knowledge of known and used pesticidal plants in
subsistence agriculture at rural communities Cacimba, Gangorra, Olho D’agua da Fazenda e
Poço do Jatobá of the town of Sigefredo Pacheco, in the Northeast of Brazil. Specifically, it
was intended to: study the social and economic aspects of communities; inquire into the known
and used pesticidal plants (present and past); identify the transmission of information on the
use of these plants; verify the tacit knowledge of the respondents regarding the pesticide
domain; know the interference of exogenous knowledge in pest control; discuss the importance
of traditional knowledge of pesticidal plants; and propose a management tool called the
Traditional Knowledge Management Framework (TKMF). The methodological work in the
field was developed between the years 2015 and 2018, through the techniques of Rapport, semistructured interviews with use of form, tour-guided, botanical collection and participatory
workshops. Self-identification as a familiar farmer and the coming-of-age were inclusion
criteria in the study, which at the final obtained 111 participants, between men and women. All
the residences of the four communities were visited in order to collect socioeconomic,
sociodemographic, production, knowledge and use of pesticidal plants. The qualitative and
quantitative study, in addition to descriptive statistics and the application of indexes of
diversity, analyzed the demographic data of environmental perception. It was verified that the
studied rural communities have socio-cultural and productive characteristics that classify them
as traditional, belonging to familiar agriculture, besides making use of planting in a consortium
as an on farm conservation strategy. However, most interviewed farmers (n = 62) use
agrochemicals, with greater emphasis on the use of herbicides. The information for the use of
pesticides receives endogenous and exogenous influences on rural communities, the latter being
represented by television, radio, local commerce, banking agencies and rural extension services.
Of the interviewees, 39 are aware of pesticidal plants and only 18 use them. The most cited
species was Azadirachta indica A. Juss. (Nim) and the most used was Nicotiana tabacum L.
(Fumo). The use of these plants is disseminated endogenously, within the communities
themselves, between relatives and friends. Exogenous sources of this knowledge of plants, such
as rural extension, were also cited, but with less influence when compared to the transfer of
information from these sources to the use of pesticides. Conversion processes of tacit
knowledge into explicit, and vice versa, were seen from the TKMF, through the exchange of
experience among the farmers at the meetings, proving to be an important instrument in the
preservation of popular wisdom about agricultural knowledge, and can be used by rural
extension services in decision-making on field-oriented policies. |
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