PREVALÊNCIA DE HEPATITE B E FATORES DE RISCO ASSOCIADOS EM INTERNOS NO SISTEMA PRISIONAL DO ESTADO DO PIAUÍ

Abstract

RESUMO: O confinamento estimula práticas que aumentam o risco de transmissão de doenças infecciosas, tanto pelos comportamentos sexuais inadequados como pelo uso de drogas. A hepatite B destaca-se como um dos agravos mais prevalentes na população prisional, em decorrência das condições de vida do recluso. O objetivo deste estudo foi investigar a prevalência de hepatite B e fatores associados em internos dos presídios do Estado do Piauí. Trata-se de uma pesquisa epidemiológica, do tipo transversal, realizada nas unidades prisionais que possuíam regime fechado ou semiaberto (n=12). A coleta de dados ocorreu no período de novembro/2013 a maio/2014, por meio da realização de aconselhamento e entrevista, seguida da testagem rápida para hepatite B (HBsAg). Os dados foram digitados e analisados com a utilização do software SPSS, versão 20.0. Foram realizadas análises descritivas simples, bivariadas e multivariadas, utilizando-se da Regressão Logística com o valor de p fixado em 0,05. Dos 2.131 participantes do estudo, 92,8% eram do sexo masculino, 48,6% estavam na faixa etária de 23 a 32 anos, com média de estudo de 6,3 anos e renda pessoal média de R$789,00. Sobre o consumo de álcool e outras drogas, 78,7% dos participantes confirmaram o uso de bebidas alcoólicas e 57,6% afirmaram utilizar algum tipo de droga. Quanto à exposição de risco parenteral, 55% compartilharam material perfurocortante (lâminas e material de manicure/pedicure), 60,4% tinham tatuagem e 13,9% usavam piercing. Dentre as práticas sexuais de risco, identificou-se o não uso de preservativo e a utilização de bebidas e/ou drogas antes das relações, como também a prática homossexual. Quanto às informações sobre hepatite B, 75,4% não possuíam nenhuma informação. Do total, 11 (0,5%) testes rápidos foram reagentes para o HBsAg. Houve associação estatisticamente significativa entre a prevalência de hepatite B e as variáveis: não gosta de usar camisinha (ORa=3,63) e não saber como prevenir DST (ORa=5,02). Considerando a situação de vulnerabilidade à hepatite B da população investigada, ações preventivas e de educação em saúde relacionadas à citada infecção e outras DST devem ser fortalecidas. Os órgãos responsáveis pelo planejamento das ações de saúde voltadas à população prisional devem implementar o Plano Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário existente e traçar medidas condizentes com as características encontradas nos encarcerados. ABSTRACT: Confinement stimulates practices that increase the risk of transmission of infectious diseases, both because of inappropriate sexual behaviors and because of the use of drugs. Hepatitis B is highlighted as one of the most prevalent illnesses in the prison population, as a result of the living conditions of the convict. The objective of this study was to investigate the prevalence of hepatitis B and associated factors in inmates of the prisons in the Piauí State. This is an epidemiological and cross-sectional research, conducted in prison units that had closed or semi-open regime (n=12). Data collection took place from November/2013 to May/2014, through the accomplishment of advice and interview, followed by rapid testing for hepatitis B (HBsAg). Data were typed and analyzed by using the SPSS software, version 20.0. Simple descriptive, bivariate and multivariate analyzes were performed, by applying Logistic Regression with p value established at 0.05. Of the 2.131 study participants, 92.8% were males, 48.6% were aged between 23 and 32 years, with an average of schooling of 6.3 years and an average personal income of R$789,00. Regarding the consumption of alcohol and other drugs, 78.7% of participants confirmed the use of alcoholic beverages and 57.6% claimed to use some type of drug. As for the parenteral risk exposure, 55% shared sharp material (manicure/pedicure blades and other objects), 60.4% had tattoo and 13.9% used body piercing. Among the risky sexual practices, it was identified the non-use of condom and the use of beverages and/or drugs before the sexual intercourses, as well as the homosexual practice. As for the information about hepatitis B, 75.4% did not have any information. Of the total, 11 (0.5%) rapid tests were reagents for HBsAg. There was a statistically significant association between the prevalence of hepatitis B and the variables: do not like using condom (ORa=3.63) and did not know how to prevent STD (ORa=5.02). When considering the vulnerability to hepatitis B of the surveyed population, preventive and health education actions related to the aforementioned infection and other STD should be enhanced. The bodies responsible for the planning of health actions targeted to the prison population should implement the National Health Plan for the Penitentiary System in force and draw up measures in line with the characteristics found in the detainees. RESUMEN: El confinamiento fomenta prácticas que aumentan el riesgo de transmisión de enfermedades infecciosas, tanto por los comportamientos sexuales inadecuados como por el uso de drogas. La hepatitis B se destaca como uno de los agravios más prevalentes en la población carcelaria, debido a las condiciones de vida del prisionero. El objetivo de este estudio fue investigar la prevalencia de hepatitis B y factores asociados en los internos de las prisiones del Estado de Piauí. Es una investigación epidemiológica, transversal, efectuada en las unidades carcelarias que tenían régimen cerrado o semiabierto (n=12). La recolección de datos ocurrió en el período comprendido entre noviembre/2013 y mayo/2014, mediante la realización de asesoramiento y entrevista, seguida por la prueba rápida de hepatitis B (HBsAg). Los datos fueron tipeados y analizados con el uso del programa informático SPSS, versión 20.0. Se llevaron a cabo análisis descriptivos simples, bivariados y multivariados, mediante Regresión Logística con el valor de p fijado en 0,05. De los 2.131 participantes del estudio, el 92,8% eran hombres, el 48,6% pertenecían a la franja etaria entre 23 y 32 años, con un promedio de estudio de 6,3 años y ingreso personal promedio de R$789,00. En cuanto al consumo de alcohol y otras drogas, el 78,7% de los participantes confirmaron el uso de bebidas alcohólicas y el 57,6% declararon el uso de algún tipo de droga. En lo que atañe a la exposición de riesgo parenteral, el 55% compartieron material cortopunzante (cuchillas y material de manicura/pedicura), el 60,4% tenían tatuaje y el 13,9% usaban piercing. Entre las prácticas sexuales de riesgo, se identificó el no uso del preservativo y el uso de bebidas y/o drogas antes de las relaciones, como también la práctica homosexual. Con relación a la información acerca de la hepatitis B, el 75,4% no tenían ninguna información. Del total, 11 (el 0,5%) pruebas rápidas fueron reagentes para el HBsAg. Hubo una asociación estadísticamente significativa entre la prevalencia de hepatitis B y las variables: no le gusta usar el condón (ORa=3,63) y no saber como prevenir EST (ORa=5,02). Considerando la situación de vulnerabilidad frente a la hepatitis B de la población investigada, acciones preventivas y de educación en salud relacionadas con dicha infección y otras EST deben ser reforzadas. Los órganos responsables de la planificación de las acciones de salud para la población carcelaria deben implementar el Plan Nacional de Salud para el Sistema Penitenciario existente y trazar medidas coherentes con las características constatadas en los encarcelados.