Abstract:
RESUMO:
Introdução: A violência contra a mulher é um fenômeno complexo que tem raízes na
desigualdade de gênero. Apesar dos números crescentes desse tipo de violência,
muitas mulheres procuram atendimento nos serviços de saúde para tratar de seus
sintomas físicos, mas não relatam aos profissionais como eles foram
desencadeados, omitindo as agressões. Objetivo: avaliar a percepção dos médicos
da Atenção Primária de Teresina sobre a violência contra a mulher. Método: Trata se de um estudo transversal, desenvolvido com 158 médicos da ESF de Teresina Piauí. A coleta de dados aconteceu de junho a julho de 2019, por meio de
questionário baseado em perguntas pré-formuladas e adaptadas do Sistema de
Indicadores de Percepção Social do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada,
composta por 16 frases relacionadas à Tolerância à Violência Contra Mulher. Para
verificar a associação entre as variáveis qualitativas foi usado o teste Qui-quadrado
de Pearson e o teste Exato de Fisher. Os dados foram tabulados em planilha
eletrônica Microsoft Office Excel e analisados no programa IBM Statistical Package
for the Social Sciences versão 20.0. O nível de significância adotado foi de α = 0,05.
Resultados: Houve um predomínio do sexo feminino (64,6%), faixa etária de 30 a 59
anos (63,3%), casados (69%), católicos (93%), com menos de 5 anos de formado
(28,2%), oriundos de universidades públicas (62,7%), sem especialização (53,8%) e
atendendo em postos de saúde da zona sul (34,2%) da cidade. Observou-se que a
percepção dos médicos sobre a violência perpetrada por parceiro íntimo é
influenciada pela categoria de gênero, idade, tempo de formação, especialização e
local de atendimento. Os resultados apontam que os médicos do sexo masculino,
especialistas, com mais de 25 anos de formação e com mais de 60 anos possuem
percepção da violência contra a mulher baseada em uma visão patriarcalista, em
que a mesma ainda é tida como fenômeno de cunho íntimo e a mulher possui
culpabilização pela violência sexual. Conclusão: os achados contribuem para que os
médicos possam refletir sobre a condução de uma prática assistencial à mulher em
situação de violência, dando-lhes um acolhimento orientado pelo modelo de saúde
social. ABSTRACT:
Introduction: Violence against women is a complex phenomenon that has roots in
gender inequality. Despite the growing numbers of this type of violence, many
women seek care in health services to treat their physical symptoms, but do not
report to professionals how they were triggered, omitting the aggressions. Objective:
to evaluate the perception of physicians of Teresina Primary Care about violence
against women. Method: This is a cross-sectional study, developed with 158 doctors
from the ESF of Teresina-Piauí. Data collection took place from June to July 2019
through a questionnaire based on questions pre-formulated and adapted from the
System of Social Perception Indicators of the Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (IPEA) composed of 16 sentences related to Tolerance to Violence Against
Women. Pearson's Chi-square test and fisherr exact test were used to verify the
association between qualitative variables. The data was tabulated in microsoft office
excel spreadsheet and analyzed in the IBM Statistical Package for the Social
Sciences version 20.0 program. The significance level adopted was α = 0.05.
Results: there was a predominance of females (64.6%), age group from 30 to 59
years (63.3%), married (69%), Catholics (93%), with less than 5 years of graduation
(28.2%), from public universities (62.7%), without specialization (53.8%) and serving
in health posts in the south (34.2%) of the city. It was observed that physicians'
perception of intimate partner violence is influenced by the category of gender, age,
training time, specialization and place of care. The results indicate that male
physicians, specialists, with more than 25 years of training and over 60 years old
have a perception of violence against women based on a patriarchal view, in which it
is still regarded as a phenomenon of an intimate nature and the mul her has guilt for
sexual violence. Conclusion: the findings contribute to the physicians being able to
reflect on the conduct of a care practice for women in situations of violence, giving
them a welcome guided by the social health model.