Abstract:
RESUMO:
INTRODUÇÃO: A Violência por Parceiro Íntimo (VPI) é um problema de saúde pública
de grande magnitude e complexidade, que causa efeitos danosos à saúde da mulher.
OBJETIVO: Analisar a prevalência de VPI entre usuárias da Atenção Primária à
Saúde e fatores associados. MÉTODOS: Estudo transversal analítico, realizado com
350 mulheres com idade de 18 a 49 anos, que tinham ou tiveram parceiro íntimo
alguma vez na vida, abordadas durante atendimento de rotina em serviços de Atenção
Primária à Saúde (APS) de São Pedro do Piauí, Piauí. A coleta de dados ocorreu no
período de maio a julho de 2019, por meio de aplicação de questionário com variáveis
sociodemográficas e o formulário sobre VPI (adaptação transcultural para o português
do instrumento “Revised Conflict Tactics Scales - CTS2). Os dados foram tabulados
em planilha do software Microsoft Office Excel, mediante processo de dupla digitação
e analisados no pacote estatístico Stata® versão 12. A análise da associação entre
VPI com as variáveis explicativas foi feita utilizando-se o teste Qui-quadrado de
Pearson (²) ou teste exato de Fisher, quando apropriado. A razão de prevalência
(RP) foi calculada para quantificar a magnitude das associações entre variáveis
independentes e a VPI. Todas as estimativas e intervalos de confiança de 95%
(IC95%) foram calculados utilizando modelo de regressão de Poisson com variância
robusta. Foram aceitos como estatisticamente significativos os testes com valor de
p<0,05. O desenvolvimento do estudo ocorreu em conformidade com as exigências
das diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos,
regidas pelas Resoluções n.º 466/2012. RESULTADOS: entre as 350 entrevistadas,
a maioria possuía de 30 a 49 anos de idade (65,3%), autodeclaradas não-brancas
(68%), casadas (64,9%), com 9 anos ou mais de escolaridade (82,9%), não
trabalhavam fora de casa (54,6%) e com renda familiar mensal ≥1 salário mínimo
(87,1%), católicas (70,3%). Foi detectado prevalência de 83,71% de VPI, 82,0% para
a violência psicológica, 38,6% para a violência sexual e 30,9% para a violência física.
VPI foi mais prevalente em usuárias dos serviços da zona rural (RP=1,2; IC95%: 1,1-
1,3; p< 0,001), mulheres não brancas (RP=1,2; IC95%: 1,0-1,3; p= 0,016), com menor
escolaridade (RP=1,1; IC95%: 1,0-1,2; p= 0,020) e que não trabalhavam fora de casa
(RP=1,1; IC95%: 1,0-1,2; p= 0,011). CONCLUSÃO: Verificou-se alta prevalência de
VPI entre usuárias da APS. Faz-se necessário capacitar os profissionais de saúde,
para que possam reconhecer as situações de VPI e orientar as vítimas por meio de
ações de vigilância e assistência em saúde. ABSTRACT:
INTRODUCTION: Intimate Partner Violence (IPV) is a public health problem of great
magnitude and complexity that causes harmful effects on women's health.
OBJECTIVE: To analyze the prevalence of IPV among users of Primary Health Care
and associated factors. METHODS: Analytical cross-sectional study, conducted with
350 women aged 18 to 49 years old, who had or had an intimate partner at some time
in their lives, approached during routine care at Primary Health Care (PHC) services
of São Pedro do Piauí, Piaui. Data collection took place from May to July 2019, by
applying a questionnaire with sociodemographic variables and the form on IPV (cross cultural adaptation to Portuguese of the instrument “Revised Conflict Tactics Scales -
CTS2). Data were tabulated in a Microsoft Office Excel spreadsheet using a double typing process and analyzed using the Stata® version 12 statistical package. The
analysis of the association between IPV and explanatory variables was performed
using Pearson's chi-square test (²) or Fisher's exact test, when appropriate. The
prevalence ratio (PR) was calculated to quantify the magnitude of associations
between independent variables and IPV. All estimates and 95% confidence intervals
(95% CI) were calculated using the robust variance Poisson regression model. Tests
with p value <0.05 were accepted as statistically significant. The study was conducted
in accordance with the requirements of the guidelines and standards for research
involving human subjects, governed by Resolutions 466/2012. RESULTS: Among the
350 interviewed, most were 30-49 years old (65.3%), self-declared non-white (68%),
married (64.9%), with 9 years or more of schooling (82, 9%), didn't work outside the
home (54.6%) and with monthly family income ≥1 minimum wage (87.1%), Catholic
(70.3%). Prevalence of 83.71% of IPV, 82.0% for psychological violence, 38.6% for
sexual violence and 30.9% for physical violence. IPV was more prevalent in rural
service users (PR = 1.2; 95% CI: 1.1-1.3; p <0.001), non-white women (PR = 1.2; 95%
CI: 1.0 -1.3; p = 0.016), less educated (PR = 1.1; 95% CI: 1.0-1.2; p = 0.020) and not
working outside the home (PR = 1.1; CI95 %: 1.0-1.2; p = 0.011). CONCLUSION:
There was a high prevalence of IPV among users of PHC. It is necessary to train health
professionals so that they can recognize IPV situations and guide victims through
health surveillance and assistance actions.