Abstract:
RESUMO: INTRODUÇÃO: Estudos epidemiológicos identificaram um subconjunto da população obesa com fenótipo metabólico benéfico, conhecido como obesidade metabolicamente saudável. Por outro lado, quando ocorre disfunção do tecido adiposo e acúmulo de gordura intra-abdominal, o indivíduo obeso apresenta fenótipo metabolicamente não saudável. Atualmente, pesquisadores têm mostrado interesse pela avaliação de micronutrientes nos dois tipos de fenótipos da obesidade. OBJETIVO: Avaliar a associação entre as concentrações de minerais (magnésio, zinco e selênio) e marcadores metabólicos dos fenótipos obesidade metabolicamente saudável e obesidade metabolicamente não saudável. MÉTODOS: Foi conduzido estudo transversal com 140 mulheres, que foram distribuídas em três grupos: grupo experimental I (obesas metabolicamente saudáveis, n=35), grupo experimental II (obesas metabolicamente não saudáveis, n=28) e grupo controle (mulheres saudáveis, n=77). Foram aferidos peso corporal, estatura e circunferências da cintura, do quadril e do pescoço. Índice de massa corpórea, relação cintura-quadril, relação cintura-estatura e índices de adiposidade foram calculados. As determinações das concentrações séricas de glicose e insulina de jejum foram realizadas pelos métodos enzimático colorimétrico e quimioluminescência, respectivamente. As análises das concentrações plasmáticas de hemoglobina glicada foram conduzidas por meio do método de cromatografia de troca iônica. Os lipídios séricos foram analisados segundo método enzimático colorimétrico. Os índices HOMA-IR (Homeostasis Model Assessment Insulin Resistance), HOMA-β, índices de Castelli I e II foram calculados. A pressão arterial foi aferida. A avaliação das concentrações de cortisol sérico e leptina plasmática foi realizada pelo método de eletroquimioluminescência e radioimunoensaio, respectivamente. As concentrações plasmáticas de TBARS (substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico) foram determinadas seguindo a metodologia descrita por Ohkawa, Ohishi e Yagi (1979), com adaptações. A atividade das enzimas superóxido dismutase eritrocitária e glutationa peroxidase eritrocitária foi avaliada em analisador bioquímico automático. As concentrações séricas dos hormônios TSH, T3 e T4 livres foram determinadas por quimioluminescência. A análise da ingestão de energia, macronutrientes magnésio, zinco e selênio foi realizada por meio do registro alimentar de três dias, utilizando o software Nutwin, versão 1.5. As concentrações plasmáticas, eritrocitárias e urinárias dos minerais foram determinadas em espectrômetro de emissão óptica com plasma acoplado indutivamente. RESULTADOS: Os valores de insulina de jejum, HOMA-IR, HOMA-β, triglicerídeos, VLDL, HDL-colesterol, índice de Castelli I e pressão arterial sistólica foram semelhantes entre o grupo controle e as mulheres obesas metabolicamente saudáveis e estas ainda tinham valores reduzidos destes parâmetros em relação às obesas não saudáveis, com exceção do HDL-colesterol, que se encontrava elevado. Ambos os grupos dos fenótipos obesos possuiam valores elevados de TBARS e leptina e reduzidos da enzima superóxido dismutase, quando comparados ao grupo controle. No entanto, somente as obesas não saudáveis mostraram valores elevados da fração não-HDL-colesterol e do índice de Castelli II, em relação às participantes eutróficas. As pacientes obesas apresentaram concentrações plasmáticas e
eritrocitárias reduzidas dos minerais e valores urinários elevados, em relação ao grupo controle, independente do fenótipo saudável ou não saudável. Houve correlação significativa entre as concentrações dos minerais e marcadores metabólicos dos fenótipos metabolicamente saudáveis e não saudáveis. CONCLUSÃO: O estudo revela a influência da deficiência nestes minerais em distúrbios metabólicos presentes na obesidade, a exemplo da resistência à insulina, dislipidemias, estresse oxidativo e alterações nos hormônios tireoidianos. ABSTRACT: INTRODUCTION: Epidemiological studies have identified a subgroup within the obese population who displays the benefit metabolic phenotype, and is known as metabolically healthy obesity. On the other hand, the obese individual displays metabolically unhealthy phenotype when there is adipose tissue dysfunction and intra-abdominal fat accumulation. Currently, researches for assessing biomarkers of micronutrients concentrations in both two obesity-related phenotypes have been carried out. AIM: To evaluate the association between mineral concentrations (magnesium, zinc and selenium) and metabolic markers of metabolically healthy obesity and metabolically unhealthy obesity phenotypes. METHODS: This was a cross-sectional study involving 140 women. The participants were divided into three groups: experimental group I (metabolically healthy obese women, n = 35), experimental group II (metabolically unhealthy obese women, n = 28) and control group (eutrophic women, n = 77). This study is within the project entitled “Impact of minerals on endocrine metabolic disorders”. Body weight, height, waist circumference, hip circumference and neck circumference were measured. Body mass index, waist-hip ratio, waist-height ratio and some adiposity indices were calculated. Analyses of fasting glucose and serum insulin concentration were carried out using the colorimetric enzymatic method and chemiluminescence method, respectively. Analysis of glycated hemoglobin was carried out using the ion exchange chromatography method. Serum lipids were analyzed using the colorimetric enzymatic method. HOMA-IR index (Homeostasis Model Assessment Insulin Resistance), HOMA-β index, Castelli’s risk index I and II were calculated. Analysis of serum cortisol concentration and plasma leptin level were performed using the electrochemiluminescence method and radioimmunoassay method, respectively. Plasma concentration of TBARS was determined using the method proposed by Ohkawa; Ohishi e Yagi (1979), with adaptations. Erythrocyte glutathione peroxidase and erythrocyte dismutase superoxide activities were analyzed using an automatic biochemical analyzer. Serum TSH, T3 and T4 concentrations were evaluated using the chemiluminescence method. The three-day food record method was used for the analysis of the dietary intake of energy, macronutrients, magnesium zinc and selenium. Dietary intake was calculated using the software NutWin, version 1.5. Elemental analyses of the plasma, erythrocyte and urinary minerals levels were performed on an inductively coupled plasma spectrometer - Optical Emission Spectrometry. RESULTS: Serum insulin, HOMA-IR, HOMA-β, triglycerides, VLDL, HDL cholesterol, Castelli’s risk index I and arterial systolic pressure were similar between control group and metabolically healthy obese women; however, metabolically healthy obese showed lower values of these parameters than unhealthy obese, except HDL cholesterol, which was higher. The both obese phenotypes groups showed higher values of TBARS and leptin, and lower superoxide dismutase activity than control group. However, only metabolically unhealthy obese showed higher values of non-HDL cholesterol and Castelli’s risk index II than eutrophic women. Obese patients presented lower plasma and erythrocyte mineral concentrations, and higher urinary mineral levels than control group, independently of healthy or unhealthy phenotypes. Statistically significant correlation
was found between parameters of mineral concentrations and metabolic markers of metabolically healthy and metabolically unhealthy phenotypes. CONCLUSION: This study shows the influence of magnesium, zinc and selenium deficiencies on obesity-associated metabolic disorders, such as insulin resistance, dyslipidemias, oxidative stress and thyroid hormonal dysfunction.