Abstract:
RESUMO
Objetivo: Avaliar a Qualidade de Vida Relacionada à Saúde Bucal (QVRSB)
de indivíduos com Paralisia Cerebral (PC) e comparar a um grupo sem PC, a
partir da percepção de seus pais/responsáveis. Métodos: Este foi um estudo
transversal comparativo, cujos participantes foram 121 crianças e adolescentes
com PC e 121 sem PC, na faixa etária de 6 a 14 anos de idade em Teresina,
Brasil. Os responsáveis responderam dois questionários: socioeconômicodemográfico
e de QVRSB (Parental-Caregiver Perceptions Questionnaire -PCPQ,
versão brasileira curta e validada). O exame clínico foi realizado para
experiência de cárie (ceo-d/CPO-D), necessidade de tratamento,
consequências da cárie não tratada (pufa/PUFA), traumatismo dentário (critério
de Andreasen), provável bruxismo e má oclusão (DAI). Realizou-se análise
descritiva e os testes Kruskal-wallis e Mann-whitney.. Resultados: Os testes
de associação mostraram que o domínio sintomas bucais do grupo com PC
sofreu efeito negativo da presença de refluxo (p=0.007) e experiência de cárie
(p<0,001), já para os sem PC o mesmo domínio foi impactado pela
experiência de cárie (p=0.008), necessidade de tratamento (0.013) e presença
de fístula (p=0.008). Indivíduos com PC que tinham dificuldade de abrir a boca
(p=0.005), refluxo (p=0.003) ou faziam uso de medicamentos (p=0.001) tiveram
impacto negativo sobre o domínio de limitação funcional, que para indivíduos
sem PC foi impactado por receber auxílio do governo (p=0.025). O domínio de
bem-estar sofreu efeito apenas no grupo sem PC, nos quais a presença de
provável bruxismo (p=0.025) exerceu efeito negativo sobre esse domínio.
Conclusão: Experiência de cárie e receber auxílio do governo impactaram
negativamente na QVRSB de crianças e adolescentes com e sem PC. A
QVRSB geral de indivíduos com PC foi impactada ainda pela dificuldade de
abrir a boca e presença de refluxo, enquanto a dos indivíduos sem PC sofreu
efeito negativo também da presença de provável bruxismo e ulceração.