Abstract:
RESUMO
Este trabalho objetiva analisar a influência da linguagem oral sobre a prática da escrita de alunos do nono ano do Ensino Fundamental, buscando encontrar possíveis relações com as práticas de uso da escrita fora do ambiente escolar desses discentes. Essa pesquisa tem como parâmetro os Novos Estudos do Letramento (NEL) que compreendem a oralidade e a escrita como práticas sociais. Nesse sentido, parte-se das seguintes problemáticas: Há influência da oralidade sobre a escrita desses alunos? Quais são as marcas da oralidade presentes nesses textos? Quais os usos de escrita que esses alunos fazem em suas residências? Esses usos estão mais voltados para a oralidade ou para a escrita? Os alunos que frequentemente praticam atividades de uso da escrita nesse ambiente tendem a apresentar menos registros da oralidade em seus textos? Do ponto de vista metodológico, a pesquisa caracteriza-se como qualitativa e de campo, além de ancorar-se em pressupostos etnográficos, conforme André (1995) e Bortoni-Ricardo (2008). A coleta de dados aconteceu em uma escola municipal, em Alto Alegre do Pindaré, Maranhão, e também nas residências dos quinze alunos da pesquisa. Na escola foram observadas e descritas duas aulas de produção textual, das quais foram recolhidos os textos para análise. Nas residências foram aplicados questionários com roteiros de perguntas semiestruturadas. O trabalho ancora-se, ainda, em pressupostos teóricos que fazem a relação entre oralidade e escrita, como Botelho (2012) Fávero, Aquino e Andrade (2003) e Marcuschi (2010), bem como referência aos trabalhos que enfocam o Letramento, como o de Brian Street (2014), os de Kleiman (2008, 2005) e o de Soares (2004). Os resultados da análise dos dados possibilitaram constatar a grande influência da oralidade sobre a escrita desses alunos e que as marcas da oralidade mais recorrentes nos textos foram a repetição, a grafia correspondente à palavra ou sequência e o apagamento do /R/ em posição de coda silábica final. Verificou-se, ainda, que o contato com a escrita no ambiente familiar dos discentes é muito deficitário. Os dados também apontaram que a escrita comumente utilizada pelos discentes tem mais características da oralidade, possibilitando afirmar que a comunicação e sociabilidade desses alunos estão apoiadas fundamentalmente na oralidade, o que contribui para a incidência do fenômeno em pesquisa.
ABSTRACT
This work aims to analyze the influence of oral language on the writing practice of students from the ninth grade of Elementary School, seeking to find possible relations with writing practices outside their school environment. This research has the New Studies of Literacy (NEL in Portuguese) as a parameter, which comprises orality and writing as social practices. In this context, there are the following problems: Is there an influence of orality on the writing skills of these students? What are the orality marks present in these texts? What writing uses do these students make in their homes? Are these uses more directed to orality or writing? Do students who frequently practice writing activities in this environment tend to have fewer oral records in their texts? From the methodological point of view, the following work is a qualitative and field research anchored in ethnographic assumptions, according to André (1995) and Bortoni-Ricardo (2008). The data collection took place in a municipal school in Alto Alegre do Pindaré, Maranhão as well as in the homes of the fifteen subjects of the research. The texts were collected for analysis after two Textual Production classes were observed and described at the school. At the students’ homes, semi-structured questionnaire scripts were applied. The work was also anchored on theoretical assumptions that relate to orality and written language, such as Botelho (2012) Favero, Aquino and Andrade (2003) and Marcuschi (2010) as well as references to works that focus on literacy such as Brian Street (2014), Kleiman (2008, 2005) and Soares (2004). The data analysis of the results made it possible to notice the great influence of orality on the students’ writing, and that the most recurrent oral features in the texts were repetition, spelling corresponding to the word and deletion of /R/ in final syllabic coda position. It was also verified that the contact with writing language in the students’ familiar household is rather deficient. The data also showed that the writing language commonly used by students has many oral features, allowing to say that students’ communication and sociability are mainly supported on orality, which contributes to the incidence of the phenomenon described in the research.