Abstract:
RESUMO: INTRODUÇÃO: As leishmanioses constituem um conjunto de doenças com diferentes
apresentações que incluem as leishmanioses cutânea, mucocutânea, difusa e leishmaniose
visceral (LV) que é quase sempre letal se não for tratada. No período de 2001-2016 foram
reportados 55.530 casos humanos de LV nas Américas com uma média anual de 3.457 casos,
dos quais 96% dos casos ocorreram no Brasil. Por ser uma doença de notificação compulsória
e com características clínicas de evolução grave, o diagnóstico deve ser feito de forma precisa
e o mais precocemente possível. Dentre os testes utilizados para o diagnóstico da LV estão os
imunológicos, moleculares e parasitológicos. OBJETIVO: Validar técnicas de cultivo de
Leishmania spp para o diagnóstico parasitológico da LV. METODOLOGIA: Foram
incluídos 101 pacientes; amostras de medula óssea foram utilizadas para a realização da
pesquisa direta e cultivo de parasitas utilizando as técnicas de cultura tradicional, duas
técnicas utilizando medula centrifugada e duas técnicas usando culturas em tubos de
microhematócrito. O teste imunocromatográfico baseado em antígeno rK39 foi realizado em
soro. Reações em cadeia da polimerase foram realizadas utilizando medula óssea e sangue
periférico. Foram calculadas sensibilidade, especificidade, acurácia, razões de
verossimilhança assim como o tempo necessário para a identificação de formas
promastigotas. RESULTADOS: O teste rápido apresentou em sensibilidade de 76,7% e
especificidade de 53,3%. Para a pesquisa direta a sensibilidade foi de 66,0%. Entre os
distintos métodos de culturas a sensibilidade foi de 68,8% para a cultura tradicional, de 74,0%
para a cultura centrifugada 3 vezes, e também de 77,5%, para a cultura centrifugada 4 vezes; a
microcultura e microcultura centrifugada apresentaram sensibilidade de 7,84% e 51,0%
respectivamente. A sensibilidade para PCR em material medular foi de 90,6% e em sangue
periférico de 72,2%. A especificidade de todos os exames parasitológicos foi, por definição,
100%. O tempo médio para a positivação da cultura tradicional foi de 10 dias; na cultura
centrifugada 3 vezes foi 6,2 dias; para a cultura centrifugada 4 vezes foi 6 dias; na
microcultura foi 4,5 dias e na microcultura modificada foi 4,2 dias. CONCLUSÃO: As
técnicas de cultura e microcultura apresentaram sensibilidade e especificidade semelhantes às
da cultura tradicional, porém apresentaram um tempo de positivação muito menor,
propiciando um diagnóstico oportuno e mais precoce.