Abstract:
RESUMO: O ato de alimentar-se possui ricos significados pessoal, social, psicológico e cultural, havendo evidências de que certas preferências ou aversões alimentares podem comprometer a saúde humana. Os alimentos são consumidos por razões diferentes da fome, com motivos relacionados à regulação emocional. Objetivo: Analisar os sentimentos e sua relação com os tipos de alimentos ingeridos por adolescentes de escolas públicas e privadas da cidade de Teresina. Metodologia: Utilizou-se o banco de dados do ERICA referente ao Projeto Suplementar realizado em Teresina. A amostra incluiu 995 adolescentes de ambos os sexos com idade de 12 a 17 anos, cursando o 7º, 8º e 9º ano do ensino fundamental e 1º, 2º e 3º ano do ensino médio, de 33 escolas públicas e privadas. Elegeu-se a variável I do questionário cuja pergunta era “o que você sente quando come...?”, com 14 itens alimentares, os quais permitiam as opções de respostas: bem-estar/satisfação, mal-estar e aversão (cor, cheiro, aspecto e gosto) ou nada. Para análise dos dados, foi usado o software Stata, e as variáveis foram apresentadas por meio de estatística descritiva. Foram usados os testes Qui-quadrado de Pearson (²) ou exato de Fisher quando apropriado. Foram calculadas razões de prevalência utilizando-se modelo de regressão de Poisson, com variância robusta. Considerou-se significativo os valores de p < 0,05. Resultados: A média de idade dos adolescentes foi 14,6 anos (IC95%14,5 – 14,7 anos), com predomínio do sexo feminino (56,6%) e da rede pública (59,3%). Os resultados mostraram associação significativa entre os sentimentos relatados e o tipo de escola para metade dos alimentos incluídos no estudo. O bem-estar foi maior para o consumo de quase todos os alimentos, sendo a fruta ou suco natural os alimentos mais mencionados (88,6%), principalmente na rede privada. Os alimentos que tiveram associação significativa com o sexo foram os lanches e a carne vermelha gordurosa, com maior frequência para os meninos em relação ao sentimento de bem-estar. Na análise sobre os diferentes tipos de carnes, o sentimento de bem-estar foi maior para o frango e o de mal-estar para a carne vermelha, em ambos os sexos, com diferença significativa (p<0,001). A maioria dos adolescentes não revelou aversão aos alimentos. A chance de sentir aversão foi maior para a carne vermelha gordurosa e o refrigerante entre os escolares da rede privada. Em relação ao sexo, os meninos apresentaram menor chance de aversão ao lanche natural e à carne vermelha gordurosa. O gosto foi o aspecto sensorial mais destacado das aversões alimentares. Conclusão: Houve associação entre sentimentos e consumo alimentar, sendo as variáveis sexo e tipo de escola importantes nesta relação. Além disso, os dados sugerem que os sentimentos não estão direcionados apenas a um alimento específico. ABSTRACT: The act of eating has rich personal, social, psychological and cultural meanings, with evidences that certain food preferences or aversions may compromise human health. Food is consumed for reasons other than hunger, with motives related to emotional regulation. Objective: Analyze feelings and their relation to food types ingested by teenagers of public and private schools of Teresina. Methodology: The ERICA database referring to the Supplementary Project held in Teresina was used. The sample included 995 teenagers, both genders, aged from 12 to 17 years, attending the 7th, 8th and 9th grades of elementary school and 1st, 2nd and 3rd grades of high school, from 33 public and private schools. Variable I of the questionnaire was chosen, having the question: “what you feel when you eat…?”, with 14 food related items, which allowed the answer options: wellbeing / satisfaction, malaise and aversion (color, smell, appearance and taste) or nothing. For data analysis, the software Stata was used, and variables were presented by means of descriptive statistics. The Qui-square of Pearson (²) or Fisher‟s exact test were used when appropriate. Prevalence ratios were calculated using Poisson‟s regression model with robust variance. Values of p < 0,05 were deemed significant. Results: The mean age of teenagers was 14,6 years old (IC95%14,5 – 14,7 years old) with prevalence of females (56,6%) and of public network (59.3%). The results showed a significant association between feelings reported and type of school for half the foods included in the study. Wellbeing was higher for the consumption of almost all foods, with fruit or natural juice being the most mentioned (88,6%), mainly in the private network. The foods that had a significant association with gender were snacks and fatty red meat, being more often for boys regarding the feeling of wellbeing. Analyzing different types of meat, wellbeing feeling was higher for chicken and malaise was higher for red meat, for both genders with significant difference (p<0,001). Most teenagers did not reveal aversion to food. The odds of feeling aversion were higher for fatty red meat and soda among private network students. Regarding gender, boys had lower chances of aversion to natural snacks and fatty red meat. Taste was the most prominent sensory aspect of food aversions. Conclusion: There was an association between feelings and food consumption, with the variables gender and type of school being important to this relationship. Moreover, the data suggests that feelings are not directed only to a specific food.