Abstract:
RESUMO: Copernicia prunifera (Mill.) H.E. Moore é uma palmeira nativa do Brasil que agrega valores tanto para a economia local quanto para a economia do país. Dentre as várias partes da planta, a cera epicuticular que recobre a superfície das folhas é a principal matéria prima utilizada na fabricação de cera, com utilização em diversos setores industriais. Embora de ampla utilização, ainda são escassos estudos fitoquímicos e biológicos sobre a espécie. Objetivou-se comparar dois tratamentos de remoção da cera epicuticular (CE), por clorofórmio (CHCl3) e por hexano (C6H12), além de caracterizar a fitoquímica e avaliar a atividade biológica de extratos alcoolicos e aquosos obtidos da folha e da cera epicuticular de folhas jovens (olho) e maduras (palha) de C. prunifera. As amostras foram coletadas no município de Caxingó, Piauí, Brasil. Para a caracterização fitoquímica foram utilizados testes qualitativos (fenóis, taninos, saponinas, açúcar redutor, ácidos orgânicos, polissacarídeos, alcaloides e flavonoides) e quantitativos (rendimento e fenólicos totais). Para a identificação dos principais agrupamentos químicos das amostras foi feita a Eletroquímica e a Espectroscopia de Infravermelho por Transformada de Fourier – FTIR. A avaliação da capacidade antioxidante foi determinada pelo método 2,2-azinobis (3-etilbenzotiazolina-6-sulfónico) - ABTS + •. O potencial citotoxico in vitro dos extratos da cera epicuticular foi verificado em quatro linhagens tumorais e a análise da atividade hemolítica sobre eritrócitos humanos. A observação da eficácia dos dois tratamentos foi realizada utilizando microscopia eletrônica de superfície (SEM). O rendimento percentual bruto (RPB) do extrato aquoso da cera epicuticular das folhas maduras (EAFM) foi maior (1,9%) em relação ao rendimento do extrato aquoso da cera epicuticular das folhas jovens EAFJ (1,5%). As folhas tratadas com clorofórmio tiveram maior RPB do que as folhas tratadas com hexano. O potencial hidrogeniônico (pH) dos extratos da CE foram levemente ácidos, 5.7 (EAFJ) e 6.0 (EAFM), assim como o extrato etanólico (4.7) e metanólico (5.9) de folhas tradadas com clorofórmio, enquanto os demais extratos de folhas de ambos os tratamentos apresentaram pH neutro. Taninos condensados, saponinas e açúcares redutores alcalóides e flavonóis foram detectados nos extratos de folha e de cera epicuticular. A análise de FTIR revelou a presença de bandas associadas a esses metabólitos. O conteúdo de fenólicos totais dos extratos aquosos da cera foi menor no EAFJ (56,48 21,91 mg EAG/g de extrato) do que o EAFM (158,52 39,27 mg EAG/g de extrato). A atividade antioxidante (AA) foi de 34,9 ± 4,8 μg e 100,3 15,2 μg para EAFJ e EAFM, respectivamente. Os extratos (aquoso, etanólico e metanólico) de folhas maduras tratadas com clorofórmio tiveram AA maior quando comparadas com folhas maduras tratadas com hexano. As folhas jovens tratadas com hexano apresentaram AA mais eficiente. Os extratos aquosos da cera epicuticular apresentaram citotoxidade para a linhagem de glioblastoma (SF-295), enquanto os extratos de cera e de folhas tratadas com hexano apresentaram baixa toxicidade para eritrócitos humanos. Os resultados obtidos demostram que além das aplicações industriais, a cera epicuticular e a folhas de C. prunifera apresentam grande potencial biológico. ABSTRACT: Copernicia prunifera (Mill.) H. E. Moore is a native palm tree from Brazil that adds values both for the local economy and country's economy. Among the various parts of the plant, the epicuticular wax that covers the surface of the leaves is the main raw material used in the manufacture of wax, used in various industrial sectors. Although widely used, there are still few phytochemical and biological studies about the species. The objective of this study was to compare two treatments for the removal of epicuticular wax (EC), chloroform (CHCl3) and hexane (C6H12), and characterize phytochemistry and evaluate the biological activity of aqueous, ethanolic and methanolic extracts of leaves and epicuticular wax, both without treatment and treatment of C. prunifera. The samples were collected in the city of Caxingó, Piauí, Brazil. For the phytochemical characterization were used qualitative tests (phenols, tannins, saponins, reducing sugar, organic acids, polysaccharides, alkaloids and flavonoids) and quantitative (yield and total). For the identification of the main chemical groupings of the samples, the electrochemistry and Fourier transform infrared spectroscopy (FTIR) were made. The evaluation of the antioxidant capacity was determined by the 2,2-azinobis (3-ethylbenzthiazoline-6-sulfonic) - ABTS + • method. The in vitro cytotoxic potential of the epicuticular wax extracts was verified in four tumor lines and the biocompatibility was evaluated by analyzing the hemolytic activity on human erythrocytes. The efficacy of the two treatments was observed using surface electron microscopy (SEM). The crude percentage yield (RPB) of the aqueous extract of the mature leaves epicuticular wax (EAFM) was higher (1.9%) than the aqueous extract of the epicuticular wax of the young leaves EAFJ (1.5%). The leaves treated with chloroform had higher RPB than leaves treated with hexane. The hydrogenation potential (pH) of EC extracts were slightly acidic, 5.7 (EAFJ) and 6.0 (EAFM), as well as ethanolic (4.7) and methanolic (5.9) extracts of green leaves treated with chloroform, however all other extracts of the leaves of both treatments presented neutral pH. Condensed tannins, saponins and alkaline reducing sugars and flavonols were detected in leaf extracts and epicuticular wax. FTIR analysis revealed the presence of bands associated with these metabolites. The total phenolic content of aqueous extracts of wax was lower in EAFJ (56.48 ± 21.91 mg EAG / g extract) than EAFM (158.52 ± 39.27 mg EAG / g extract). The antioxidant activity (AA) was 34.9 ± 4.8 μg and 100.3 ± 15.2 μg for EAFJ and EAFM, respectively. The extractions (aqueous, ethanolic and methanolic) of mature leaves treated with chloroform had higher AA when compared to mature leaves treated with hexane. Young leaves treated with hexane showed more efficient. Aqueous extracts of epicuticular wax showed cytotoxicity to the glioblastoma line (SF-295), while extracts of wax and leaves treated with hexane showed low toxicity to human erythrocytes. The results obtained show that in addition to the industrial applications, the epicuticular wax and the leaves of C. prunifera present great biological potential.