Abstract:
RESUMO: Muitos são os relatos sobre diferentes efeitos farmacológicos promovidos por moléculas obtidas a partir do látex de várias plantas, como é o caso da Plumeria pudica. As proteínas presentes em seu látex foram relacionadas às suas propriedades anti-inflamatória, anti-nociceptiva e antidiarreica. Considerando os resultados relevantes já apresentados pelo látex de P. pudica esse trabalho, teve como finalidade avaliar os aspectos toxicológicos do tratamento agudo e subcrônico de camundongos com as proteínas do látex de Plumeria pudica (PLPp). Os ensaios de toxicidade foram realizados com camundongos Swiss (n=24) que receberam uma dose diária de 40 mg/kg de PLPp ou solução salina 0,9% intraperitoneal (i.p.) por 10 e 20 dias consecutivos, referentes ao período de avaliação da toxicidade aguda e subcrônica, respectivamente. Foram avaliados o perfil comportamental, hematológico, bioquímico e histopatológico desses animais. Para determinação da DL50 os camundongos (n=6) receberam uma dose única de 300 mg/kg ou 2000 mg/kg e foram observados quanto a presença de sinais clínicos ou morte dos mesmos, durante 14 dias após a administração. Adicionalmente uma análise proteômica da fração proteica PLPp foi realizada utilizando espectrometria de massas objetivando a identificação de proteínas presentes na amostra. Não foram observadas alterações significativas no peso corporal e peso dos órgãos dos animais tratados com PLPp durante avaliação aguda e subcrônica. A contagem total e diferencial de leucócitos não apresentou diferença significativa entre os grupos. Observou-se aumento significativo de AST no grupo tratado com PLPp para a toxicidade aguda. Não houve diferença significativa nas medidas de ALT, creatinina e ureia entre o tratamento com solução salina e PLPp para os dois períodos de avaliação. Em relação ao exame histopatológico, observaram-se discretas alterações como leve congestão no rim e baço dos animais para a avaliação aguda e subcrônica respectivamente. O nível de GSH no rim foi significativamente maior em animais tratados com PLPp no ensaio de toxidade aguda, porém não foram observadas diferenças para a avaliação subcrônica. Os níveis de MDA e MPO no fígado, baço e rim não apresentaram diferença significativa. A fração PLPp não se mostrou letal nas doses de 300 e 2000 mg/kg,sendo a DL50 definida como de classe 5 (faixa de 2000-5000mg/kg). Porém, os animais tratados com estas doses apresentaram alguns sinais de toxicidade como diminuição da atividade geral, dificuldade de locomoção, redução da resposta aos reflexos auricular e corneal, e a estímulos como toque, aperto de cauda e ao reflexo de endireitamento. Além de apresentarem irritabilidade, ptose, piloereção, hipotermia e respiração ofegante. Esses sinais foram observados nas primeiras horas após a administração, no entanto, a maioria não persistiu mais que 24h. A análise de PLPp por espectrometria de massas revelou a presença de proteases cisteínicas, quitinases e outras proteínas comumente encontradas em fluidos laticíferos. A fração PLPp quando administrada por via intraperitoneal apresentou baixa toxicidade. Porém mais estudos devem ser realizados para o estabelecimento do seu uso seguro. ABSTRACT: There are many reports on different pharmacological effects promoted by molecules obtained from the latex of several plants, as it is the case of Plumeria pudica. The proteins present in its latex were related to its anti-inflammatory, anti-nociceptive and antidiarrheal properties. Considering the relevant results already presented by the latex of P. pudica, this study aimed to evaluate the toxicological aspects of the acute and subchronic treatment on mice with the latex protein of Plumeria pudica latex (PLPp) Toxicity assays were performed with Swiss mice (n = 24) wich received a daily dose of 40 mg/kg PLPp or 0.9% intraperitoneal (ip) saline solution for 10 or 20 consecutive days, referring to the assessment period of acute and subchronic toxicity, respectively. The behavioral, hematological, biochemical and histopathological profile of these animals were evaluated. For determination of LD50 the mice (n = 6) received a single dose of 300 mg / kg or 2000 mg / kg and were observed for clinical signs or their death for 14 days after administration. Additionally a proteomic analysis of the PLPp protein fraction was performed using mass spectrometry aiming the identification of proteins present in the sample. No significant changes were observed in body weight and in organs of these animals treated with PLPp during the acute and subchronic ass. The total and differential leukocyte counts did not present significant difference among the groups. A significant increase of AST in the group treated with PLPp for acute toxicity was observed. There wasn´t significant difference in ALT, creatinine and urea measurements between treatment with saline and PLPp for the two assessment periods. Regarding the histopathological examination, discrete alterations such as congestion in the kidney and spleen of these animals were observed for the acute and subchronic assessment, respectively. The level of GSH in the kidney was significantly higher in animals treated with PLPp in the acute toxicity test, but no differences were observed for the subchronic assessment. The levels of MDA and MPO in the liver, spleen and kidney didn´t present significant difference. The PLPp fraction didn´t appear to be lethal at doses of 300 and 2000 mg / kg, and the LD50 being defined as class 5 (range of 2000-5000mg / kg). However, the animals treated with these doses showed some signs of toxicity such as decreasing of general activity, difficulty in locomotion, reduced response to auricular and corneal reflexes, and to stimuli such as touch, tail tightening and righting reflex. In addition, they presented irritability, ptosis, piloerection, hypothermia and accelerated breathing. These signs were observed in the first few hours after administration and but most of them did not persist for more than the most part to 24 hours. These signs were observed in the first few hours after administration but most of them did not persist for more than 24 hours. The PLPp analysis by mass spectrometry revealed the presence of cysteine proteases, chitinases and other proteins commonly found in laticiferous fluids. The PLPp fraction when administered intraperitoneally presents low toxicity. Further studies should be performed to establish its safe use.