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RESUMO: As múltiplas expressões da violência de gênero, especificamente a violência contra a mulher, demanda assumi-la como assunto de políticas públicas, problematizando seu enfrentamento em face da institucionalidade vigente, mas, principalmente, adotando estratégias governamentais para proteger socialmente as mulheres. Neste cenário é necessário vislumbrar os avanços legais que referenciam garantias e direitos específicos às mulheres e, ao mesmo tempo, o desafio cotidiano do trabalho das equipes multidisciplinares que, dentre suas várias funções, está em atender os indivíduos e suas famílias em situação de risco social e pessoal. O presente trabalho visa analisar a percepção de gênero que atravessa o atendimento dos profissionais dos CREAS às mulheres em situação de violência. O objeto de estudo baseia-se no fato de que a assistência social é integrante da rede de atendimento especializado à mulher em situação de violência, conforme preceitua as legislações e diretrizes, tanto da política de enfrentamento à violência contra as mulheres, bem como da própria política de assistência social, considerando, desta última, suas finalidades institucionais, perfil de público e dos referidos profissionais para atuação. Pressuponho que o gênero é essencial como categoria analítica e de instrumentalização técnica no contexto profissional para uma efetiva atuação com diferentes indivíduos e famílias que se constituem como públicos diretos. A pesquisa apresenta uma abordagem predominantemente qualitativa, realizada por meio de estudo de caso e entrevistas estruturadas individuais e em grupo com os cinco técnicos de referência no atendimento do CREAS (gerente, assistentes sociais, duas psicólogas), por possibilitarem aprofundar questões no âmbito dos significados, aspirações, crenças, valores que se expressam no campo das relações, dos processos, dos fenômenos e representações sociais. No tratamento analítico dos dados foi utilizado a análise de discursos destes profissionais, levando em conta a transversalidade da percepção de gênero, a partir do público referenciado, o procedimento de trabalho adotado, da performance na articulação em rede. Os aportes teóricos que se articulam nesta pesquisa consistem no pensamento de Scott (1995) e Foucault (2014), para compressão de gênero como elemento constitutivo das relações sociais e de poder; além dos estudos de Oliveira e Cavalcanti (2007), Grossi (1998), Piscitelle (2002), Pasinato (2015), Laurentis (1994), Bandeira (2005) e Saffioti (2004), dentre outros que permitem a reflexão sobre gênero e violência contra a mulher. Os dados apontaram a importância de incorporar a dimensão teórica e metodológica das perspectivas de gênero para a instrumentalização de políticas de enfrentamento à violência contra a mulher no tocante à proteção social especial a partir dos CREAS. Ressaltando que o atendimento especializado às mulheres, a partir da perspectiva de gênero, ainda precisa ser problematizado entre os pesquisadores e operadores da política pública, principalmente, no que se refere ao papel do Estado enquanto instrumento político e sociocultural, que deve contribuir para desconstruir atitudes que reforcem a naturalização da desigualdade de gênero e, consequentemente, práticas de violência. ABSTRACT: The multiple expressions of gender violence, specifically violence against women, demand to assume it as a public policy issue, problematizing its confrontation with the current institutional framework, but mainly adopting governmental strategies to protect women socially. In this scenario it is necessary to glimpse the legal advances that refer specific guarantees and rights to women and, at the same time, the daily challenge of the work of the multidisciplinary teams that, among its various functions, is to attend the individuals and their families in situation of social risk it's personal. The present work aims to analyze the gender perception that crosses the service of CREAS professionals to women in situation of violence. The object of study is based on the fact that social assistance is part of the network of specialized care for women in situations of violence, according to the laws and guidelines, both the policy to combat violence against women, as well as the social assistance policy, considering, from the latter, its institutional purposes, profile of the public and those professionals for action. I presuppose that gender is essential as an analytical category and of technical instrumentalization in the professional context for an effective action with different individuals and families that constitute themselves as direct public. The research presents a predominantly qualitative approach, carried out by means of a case study and individual and group structured interviews with the five reference technicians in the service of CREAS (manager, social workers, two psychologists), for making it possible to deepen questions in the scope of meanings , aspirations, beliefs, values that are expressed in the field of relationships, processes, phenomena and social representations. In the analytical treatment of the data, we used the discourse analysis of these professionals, taking into account the transversality of the perception of gender, from the referenced public, the adopted work procedure, the performance in the network articulation. The theoretical contributions that are articulated in this research consist in the thought of Scott (1995) and Foucault (2014), for the compression of gender as constitutive element of social relations and of power; in addition to the studies of Oliveira and Cavalcanti (2007), Grossi (1998), Piscitelle (2002), Pasinato (2015), Laurentis (1994), Bandeira (2005) and Saffioti (2004). violence against women. The data pointed to the importance of incorporating the theoretical and methodological dimension of the gender perspectives for the instrumentalisation of policies to combat violence against women regarding special social protection based on CREAS. Emphasizing that specialized care for women, from a gender perspective, still needs to be problematized among researchers and public policy operators, especially with regard to the role of the State as a political and socio-cultural instrument, which should contribute to deconstruct attitudes that reinforce the naturalization of gender inequality and, consequently, violence practices. |
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