Abstract:
RESUMO: A contemporaneidade traz diversos modelos midiáticos que estão aprendendo, tempo a tempo, a se adaptar constantemente; é um cenário de ecossistema de coexistência de modelos massivos e pós-massivos, hegemônicos e alternativos. Um dos modelos que vem apresentando uma alternatividade na produção e no consumo de produtos audiovisuais é a Netflix, empresa que começou em 1997 como uma videolocadora e agora é uma das maiores expoentes mundiais em conteúdos de streaming e VoD; nesse sentido, ela possui uma plataforma com interface interativa rodeada de algoritmos que monitora o comportamento individual de cada assinante, a fim de ofertar filmes e séries baseados na escolha dos consumidores, sem a necessidade de download e com a possibilidade de assistir a qualquer hora, em qualquer tela de dispositivo tecnológico e em qualquer espaço físico que permita o acesso à Internet ou até em locais sem conexão. Assim, partindo da questão-norteadora De que modos múltiplos se comportam os espectadores de filmes enquanto consumidores da Netflix?, a presente pesquisa envereda nos estudos acerca da estrutura da indústria cinematográfica, com a definição de Mondzain (2007) sobre o “sujeito espectador” enquanto produtor de sentidos, os axiomas de Luca (2009) da televisão e da mecânica do Homevideo e das diferenças técnicas de consumo em salas de cinema e em casa por Carrière (2015); utilizam-se autores contemporâneos para debater o consumo do audiovisual digital nos serviços de streaming e VoD, como Tryon (2009), Côrrea (2014) e Anderson (2006); e finaliza apresentando uma linha cronológica do desenvolvimento da Netflix de 1997 até aqui focando em seis pontos de virada na sua história, focando ainda em noções de liberdade do consumidor pós-moderno e da lógica de espectatorialidade de filmes a partir de algoritmos por Offerman (2015), Reinboud (2014) e Louzada, Monteiro e Mazzilli (2017). Ao utilizar o método de pesquisa participante de caráter qualitativo, foram realizadas nove sessões fílmicas com 16 participantes, tanto coletivamente, quanto individualmente, a fim de compreender os hábitos de consumo desses indivíduos, culminando na criação de cinco categorias de comportamentos de espectatorialidade fílmica na Netflix, sendo elas “Os ambientes e as telas”, “A hora da escolha”, “Os ruídos”, “A autonomia” e “Os atos pós-fílmicos”. A partir disso, percebeu-se que os espectadores sentem-se livres por possuírem uma lógica própria e individual de consumo, bem como a intimidade de assistir a filmes em casa oferece possibilidades completamente diferentes quando à experiência das salas de cinema, mas bastante comuns ao Homevideo, com diferenciais tais quais a desmaterialização do vídeo, a instantaneidade de acesso e o consumo a partir de múltiplas telas e infinitos ambientes. ABSTRACT: Contemporaneity brings several media models that are learning, from time to time, to adapt constantly; it’s a ecosystem’s scenary of coexistence of massive and post-massive, hegemonic and alternative models. One of the models that comes with an alternative in the production and consumption of audiovisual products is Netflix, a company that startedin 1997 as a video store and is now one of the largest exponents in the world of streamingand VoD content; in this sense, it’s a platform with interactive interface surrounded by algorithms that monitors the individual behavior of each subscriber, in order to offer movies and series based on the choice of consumers, without the need of downloading and with the possibility of watching at any time, in any technological device screen and in any physical space that allows access to the Internet or even in places with no connection. Thus, based on the guiding question of What multiple ways behave the movie viewers as consumers of Netflix?, the present research starts from the studies about the structure of the film industry, with the definition of Mondzain (2007) on the "spectator subject" as a producer of meanings, Luca's (2009) axioms of television and Homevideo mechanics and technical differences in cinema and home theater consumption by Carrière (2015); contemporary authors are used to discuss the consumption of digital audiovisual in streamingand VoD services, such as Tryon (2009), Correa (2014) and Anderson (2006); and ends by presenting a timeline of the development of Netflix from 1997 to here focusing on six turning points in its history, still focusingon notions of postmodern consumer freedom and the logic of spectatoriality of films from algorithms by Offerman (2015), Reinboud (2014) and Louzada, Monteiro and Mazzilli (2017). Using the qualitative participant research method, nine film sessions were conducted with 16 participants, both collectively and individually, in order to understand the consumption habits of these individuals, culminating in the creation of five categories of behavior of film spectatorship in Netflix, being "The environments and the screens", "The time of the choice", "The noises", "The autonomy" and "The post-filmic acts". From this, it has been realized that the spectators feel free to have their own individual logic of consumption, as well as the intimacy of watching movies at home offers completely different possibilities when the experience of cinemas, but quite common to the Homevideo, with differentials such as the dematerialization of video, instantaneous access and consumption from multiple screens and infinite environments.