Abstract:
RESUMO: A escrita, lugar de poder, por séculos se constituiu como apanágio dos homens. Entretanto, a partir do século XIX, mulheres e escrita começam a se aproximar. É o momento em que emerge por todo o mundo um grupo de mulheres que ousavam ultrapassar os limites das rígidas barreiras sociais e que passaram a utilizar a palavra escrita para dar vazão a reflexões relacionadas às mais diversas temáticas Em meio a esse processo destacou-se a figura de Amélia Carolina de Freitas Beviláqua, cuja trajetória permite observar múltiplas possibilidades de vivências femininas no Brasil, sobretudo no século XX, quando ela consolida seu nome em meio ao universo letrado (1902-1940). Dessa forma este trabalho apresenta as vivências de Amélia Carolina de Freitas Beviláqua, observando os elementos que propiciaram a chegada da mulher a espaços antes tidos como masculinos. Apresenta-se de que forma as tensões de gênero se fazem perceber na produção intelectual de Amélia e elucida-se como a relação entre o velho e o novo, tão cara aquele contexto, marcou sua trajetória. Além disso, disserta-se sobre os deslocamentos e os elementos propiciadores da chegada de Amélia a espaços de poder, bem como a compreende-se o processo de recusa vivenciado pela escritora em 1930, quando ela apresenta sua candidatura a Academia Brasileira de Letras e por motivos misóginos é recusada. ABSTRACT: The writing, place of power, for centuries was constituted as an apanage of men. However, from the nineteenth century, women and writing began to approach. It is the moment when a group of women emerged all over the world who dared to go beyond the limits of the rigid social barriers and who began to use the written word to give vent to reflections related to the most diverse subjects. Amelia Carolina de Freitas Beviláqua, whose trajectory allows to observe multiple possibilities of feminine experiences in Brazil, especially in the XX century, when it consolidates its name in the middle of the literate universe (1902-1940). In this way, this work presents the experiences of Amelia Carolina de Freitas Beviláqua, observing the elements that allowed the arrival of the woman to spaces previously considered as masculine. It shows how gender tensions are perceived in Amelia's intellectual production and elucidates how the tense relationship between the old and the new, so dear to that context, marked its trajectory. In addition, it discusses the displacements and the propitiating elements of the arrival of Amelia to spaces of power, as well as the understanding of the process of refusal experienced by the writer in 1930, when she presents her candidacy to the Brazilian Academy of Letters and for misogynistic reasons is refused.