Abstract:
RESUMO: Esse trabalho de dissertação propõe uma pesquisa sobre a prática profissional dos psicólogos que atuam na proteção social básica do Sistema Único da Assistência Social (SUAS), ou seja, nos Centros de Referência da Assistência Social (CRAS). Tomando como base o universo de problemas e contradições enfrentados pelos psicólogos quando em contato com a realidade social da população usuária da política de Assistência Social, buscou-se conhecer o universo de práticas que tem sido produzidas nesses espaços para, em seguida, analisarmos as mediações que têm sido acionadas pelos psicólogos quando lançam mão de suas ações. Trata-se de uma Pesquisa Social, baseada do método do materialismo histórico-dialético e de natureza qualitativa. Buscou-se conhecer e problematizar as práticas profissionais de psicólogos trabalhadores do SUAS/CRAS utilizando como instrumento para coleta de informações roteiros de entrevistas semiestruturadas. Os participantes da pesquisa foram sete psicólogas/os trabalhadores de CRAS de cinco municípios da região norte do Estado do Piauí: Brasileira, Piripiri, Piracuruca, Pedro II, São José do Divino e São João da Fronteira, que compõem o Território dos Cocais. Os dados foram analisados com base na Análise de Conteúdo e organizados para efeito desse trabalho em três eixos distintos: I) Perfil profissional dos entrevistados; II) Caracterização do serviço, território e usuários; III) Caracterização da prática profissional. Observou-se, na sua maioria, que os psicólogos não atuam na Assistência Social porque desejam atuar, mas por diversas outras questões que fogem às suas capacidades de escolha e, portanto, não se reconhecem como profissionais de uma política coerente e eficiente. Além disso, reproduzem concepções de território, serviço e usuários muito próximas do que se ver no senso comum, ou seja, de maneira redutora e apenas superficial, sendo que alguns casos revelam um olhar pejorativo e incoerente com o que é esperado de um profissional que opera a política de Assistência Social numa perspectiva de emancipação dos sujeitos. No campo das práticas profissionais observamos que, embora o SUAS tenha colaborado para o aumento do repertório de ações do psicólogo ao colocá-lo diretamente em contato com as necessidades sociais da população, as práticas se revelam redutoras, superficiais e flagrantemente imediatistas, deslocadas da complexidade que envolve o trabalho profissional com a Questão Social e suas expressões. Diante disso, propomos um aprofundamento do olhar e das perspectivas teóricas, críticas e conceituais que envolvem a prática profissional dos psicólogos, considerando que esse pode não ser um problema apenas da nossa atuação no campo da Assistência Social, mas da própria presença da Psicologia no contexto das políticas sociais. ABSTRACT: This thesis proposes a research on the professional practice of psychologists who work in the basic social protection of the Unique System of Social Assistance (SUAS), that is, in the Reference Centers of Social Assistance (CRAS). Based on the universe of problems and contradictions faced by psychologists when in contact with the social reality of the population that uses social assistance policy, one sought to know the universe of practices that have been produced in these spaces to, then, analyze the mediations that have been triggered by psychologists when they take their actions. This is a Social Survey, based on the method of historical-dialectical materialism and of a qualitative nature. We sought to know and problematize the professional practices of psychologists working in SUAS/CRAS using semi-structured interview scripts as a tool for collecting information. The research participants were seven psychologists working in CRAS from five municipalities in the northern region of the state of Piauí: Brasileira, Piripiri, Piracuruca, Pedro II, São José do Divino e São João da Fronteira, which constitute the Cocais Territory. We analyzed the data based on the Content Analysis and organized for this work in three different axis: I) Professional profile of the interviewees; II) Characterization of the service, territory and users; III) Characterization of professional practice. One observed that the majority of psychologists do not work in social assistance because they wish to, but because of a number of other issues that are beyond their ability to choose and therefore do not recognize themselves as professionals of a coherent and efficient policy. In addition, they reproduce conceptions of territory, service and users very close to what one sees in common sense, that is, in a reductive and only superficial way, and some cases reveal a pejorative and inconsistent look with what one expects of a professional that operates a policy of social assistance in the perspective of the emancipation of the subjects. In the field of professional practices, we observed that, although SUAS collaborated to increase the psychologists' repertoire of actions by placing them directly in contact with the social needs of the population, the practices turn out to be reductive, superficial and blatantly immediate, displaced from the complexity that involves the professional work with the Social Question and its expressions. Therefore, we propose a deepening of the look and of the theoretical, critical and conceptual perspectives that involve the professional practice of psychologists considering that this may not be a problem only of our performance in the field of social assistance, but of the very presence of psychology in the context of social policies.