Abstract:
RESUMO: O excesso de tecido adiposo, característica comum na obesidade, tem sido associado a alterações endócrino-metabólicas que contribuem para a manifestação de dislipidemias. As alterações no metabolismo lipídico manifestam-se pelo aumento nas concentrações plasmáticas de triglicerídeos, colesterol total e lipoproteína de baixa densidade (LDL) e redução da lipoproteína de alta densidade (HDL). Na perspectiva de identificar os mecanismos envolvidos nas desordens do metabolismo lipídico, diversos nutrientes têm sido estudados, destacando-se o zinco, por regular fatores de transcrição importantes para a síntese e oxidação de lipídios, e atuar como nutriente anti-inflamatório e antioxidante. Assim, o objetivo deste estudo foi avaliar a relação entre parâmetros bioquímicos do zinco e biomarcadores do risco cardiovascular em mulheres obesas. METODOLOGIA: Estudo caso-controle, desenvolvido com mulheres, distribuídas em dois grupos: caso (obesas com índice de massa corpórea ≥35 kg/m²) e grupo controle (eutróficas com índice de massa corpórea entre 18,5 e 24,9 kg/m²), recrutadas a partir da demanda espontânea de ambulatórios da cidade de Teresina – PI. Foram realizadas medidas do peso corporal e estatura. A análise da ingestão de zinco foi realizada por meio do registro alimentar de três dias, utilizando o programa Nutwin versão 1.5. As concentrações de zinco plasmático, eritrocitário e urinário foram determinadas segundo o método de espectrometria de emissão óptica com plasma acoplado indutivamente. O risco cardiovascular foi avaliado por meio das concentrações plasmáticas das frações lipídicas, e medidas da circunferência da cintura, pescoço e do quadril, determinação da relação cintura-quadril, índice de conicidade e índice de Castelli I e II. RESULTADOS: Os valores médios da ingestão de zinco nas dietas estavam superiores às recomendações, sem diferença estatística entre os grupos estudados (p>0,05). As concentrações médias de zinco plasmático e eritrocitário das mulheres obesas estavam reduzidas em relação ao grupo controle (p<0,05). A excreção urinária deste mineral apresentou diferença significativa em ambos os grupos (p<0,05), sendo que as obesas excretavam maior quantidade de zinco na urina. As obesas apresentavam risco cardiovascular elevado quando comparadas ao grupo controle, segundo os valores de circunferência da cintura, circunferência do quadril, relação cintura-quadril, circunferência do pescoço, índice de conicidade, triacilglicerois, lipoproteína de muito baixa densidade (VLDL) e índices de Castelli I e II (p<0,05). O estudo também mostra correlação negativa significativa entre o zinco dietético e a relação cintura-quadril nas mulheres obesas. CONCLUSÃO: A partir dos resultados deste estudo pode-se concluir que as mulheres obesas apresentam redistribuição de zinco, caracterizada pelas concentrações reduzidas no plasma e eritrócitos, ingestão do mineral acima dos valores de referência e aumento da sua excreção urinária. Associado a isso, os dados dessa pesquisa mostram a importância do zinco no controle da adiposidade, e, dessa forma, como um mineral de interesse na proteção do risco cardiovascular, por meio de sua influência sobre os biomarcadores avaliados, como a relação cintura-quadril. ABSTRACT: Excess adipose tissue, a common characteristic in obesity has been associated with endocrine and metabolic changes that contribute to the manifestation of dyslipidemia. Changes in lipid metabolism are manifested by increased plasma triglycerides, total cholesterol and low-density lipoprotein (LDL) and reduced high-density lipoprotein (HDL). With a view to identify the mechanisms involved in disorders of lipid metabolism, several nutrients have been studied, zinc highlighting, for regulating transcription factors important for the synthesis and oxidation of lipids, and act as anti-inflammatory and antioxidant nutrient. Thus, the objective of this study was to evaluate the relationship between biochemical parameters of zinc and biomarkers of cardiovascular risk in obese women. METHODS: Case control study, developed with women, divided into two groups: case (obese women with a body mass index ≥35 kg/m²) and control group (eutrophic women with a body mass index between 18.5 and 24.9 kg/m²), recruited from the spontaneous demand of clinical outpatient clinics in the city of Teresina - PI. Measurements of body weight, height were performed. The zinc intake analysis was performed using the three-day food registry using Nutwin version 1.5. Plasma, erythrocyte and urinary zinc concentrations were determined using the inductively coupled plasma optical emission spectrometry method. Cardiovascular risk was assessed by plasma concentrations of lipid fractions, and waist, neck and hip circumference measurements, waist-hip ratio, conicity index and Castelli I and II index. RESULTS: The mean values of zinc intake in the diets were higher than the recommendations, with no statistical difference between the groups studied (p> 0.05). Mean plasma zinc and erythrocyte concentrations of obese women were reduced in relation to the control group (p <0.05). The urinary excretion of this mineral presented a significant difference in both groups (p <0.05), and the obese women excreted more amount of zinc in the urine. The obese women presented high cardiovascular risk when compared to the control group, according to the values of waist circumference, hip circumference, waist-hip ratio, neck circumference, conicity index, triacylglycerols, very low density lipoprotein (VLDL) and indices of Castelli I and II (p <0.05). The study also shows a significant negative correlation between dietary zinc and waist-hip ratio in obese women. CONCLUSION: From the results of this study it can be concluded that obese women present redistribution of zinc, characterized by reduced concentrations in plasma and erythrocytes, zinc’ intake above recommendations and increased urinary excretion of the mineral. Associated with this, data from this research show the importance of zinc in the control of adiposity, and, therefore, as a mineral of interest in the protection of cardiovascular risk, through its influence on the biomarkers evaluated, such as waist-hip ratio.