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RESUMO: Humanos e Máquinas: uma inversão de papéis em Ubik estuda, a partir de um dos livros de maior sucesso de Philip K. Dick, o modo como as relações entre humanos e máquinas têm se alterado na modernidade tardia. Associa o fim do otimismo observado no início da era moderna, pautado no conhecimento científico e enaltecimento da razão, ao florescimento da cultura do risco, sobretudo após as duas Grandes Guerras Mundiais do século XX. Diante desse cenário pessimista, percebe a ascensão de dois gêneros literários com os quais Ubik, cuja primeira publicação ocorreu em 1969, pode ser identificado: distopia e ficção científica. Sob essa perspectiva, analisa as representações dos humanos e máquinas artificialmente inteligentes (objetos comuns do cotidiano, como portas e cafeteiras, mas com linguagem e pensamentos evoluídos) na sociedade capitalista, consumista e tecnológica de 1992 retratada no romance. Investiga como os avanços científicos e o consequente nascimento do Homo faber provocaram reflexos na maneira de lidar com a morte e na busca pelo prolongamento da vida, alterando também a relação humano-natureza ao longo da era moderna. Discute a transformação do humano (ou seu corpo) nas sociedades consumistas e a maneira que um estilo de vida voltado para a reciclagem de vontades, desejos e anseios rotineiros conduz os corpos a seres sem uma finalidade específica. Percebe o romance como crítico ao capitalismo, ao consumismo e ao desenvolvimento da Inteligência Artificial, quando geralmente os objetos inteligentes só funcionam mediante pagamentos e o ser humano é sobreposto, na maioria das vezes, pelo poder e vontade desses recursos tecnológicos. A pesquisa bibliográfica fundamentou-se especialmente nos estudos de Giddens (1991; 2002), Harvey (2014), Claeys (2010), Fitting (2010), Rees (2008), Bauman (2008a; 2008b; 2010), Bacon (1623; 1999), Arendt (1997; 2010), Jonas (2006), Teixeira (2014; 2015), Bostrom (2016) e Yudkowsky (2008). O trabalho revela, por meio das relações entre a maneira pessimista com as quais os temas pesquisados são apresentados em Ubik e os problemas semelhantes encontrados em sociedades avançadas tecnologicamente, o poder de introdução de reflexões importantes dos romances de ficção científica distópica. ABSTRACT: Humans and Machines: an inversion of roles in Ubik studies, from one of Philip K. Dick's most successful books, the way human-machine relations have changed in late modernity. It associates the end of the optimism observed at the beginning of the modern era, based on scientific knowledge and praise of reason, to the flourishing of the culture of risk, especially after the two Great World Wars of the twentieth century. In the face of this pessimistic scenario, it perceives the rise of two literary genres with which Ubik, whose first publication occurred in 1969, can be identified: dystopia and science fiction. From this perspective, it analyzes the representations of humans and artificially intelligent machines (everyday objects such as doors and coffee pots, but with evolved language and thoughts) in the capitalist, consumerist, and technological society of 1992 portrayed in the novel. It investigates how the scientific advances and the consequent birth of the Homo faber provoked reflexes in the way of dealing with the death and in the search for the prolongation of life, also altering the relation human-nature throughout the modern era. It discusses the transformation of the human (or his/her body) in consumerist societies and the way a lifestyle geared toward recycling wills, desires, and frequently cravings drive bodies to beings without a specific purpose. It perceives the romance as a criticism of capitalism, consumerism and the development of Artificial Intelligence, when intelligent objects generally only work through payments, and the human being is overwhelmed, most of the time, by the power and will of these technological resources. The bibliographic research was based especially on the studies of Giddens (1991; 2002), Harvey (2014), Claeys (2010), Fitting (2010), Rees (2008), Bauman (2008a; 2008b; 2010), Bacon (1623; 1999), Arendt (1997; 2010), Jonas (2006), Teixeira (2014; 2015), Bostrom (2016) and Yudkowsky (2008). The work reveals, through the relations between the pessimistic way in which the topics researched are presented in Ubik and the similar problems encountered in technologically advanced societies, the power to introduce important reflections of dystopian science fiction novels. |
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