Abstract:
RESUMO: Esta pesquisa discute sobre a percepção que as famílias têm em relação à manutenção da pessoa com transtorno mental em “cárcere privado”. Trata-se de um estudo qualitativo, que contou com levantamento bibliográfico, pesquisa de campo, observação, análise documental, sendo utilizados ainda questionário e entrevista semiestruturada. Fizeram parte da pesquisa cinco cuidadores de pessoas com transtorno mental em “cárcere privado”, que são atendidos no Centro de Atenção Psicossocial, CAPS II Norte, na cidade Teresina-PI. Os dados foram analisados com base na análise de conteúdo, sendo organizados em cinco eixos de discussão: 1) Quem são as pessoas com transtorno mental em situação de “cárcere privado”, suas famílias e seus cuidadores; 2) Vulnerabilidades sociais; 3) Motivos para a manutenção do “cárcere privado”; 4) Relação com os serviços de saúde e comunidade; 5) Percepção das famílias em relação ao “cárcere privado”. Verificou-se a predominância de cuidadores idosos, famílias monoparentaissob responsabilidade feminina, e precariedade na rede de suporte primária e secundária. Constatou-se, que a manutenção do “cárcere privado” está associada ao medo e à desconfiança no convívio com a pessoa com transtorno mental, além da insegurança e desconforto diante da imprevisibilidade de suas ações. Foi possível identificar que as famílias referem utilizar desse fenômeno por proteção, seja em relação aos cuidadores, seja em relação às próprias pessoas com transtorno mental e pressão da rede de vizinhança. Portanto, cabe a necessidade de repensar o “cárcere privado” como desafio, no sentido de não apenas culpabilizar as famílias que o utilizam, mas de compreender a complexidade que envolve cuidar de uma pessoa com transtorno mental e construir novas formas de cuidado junto a essas famílias, apontando novas possibilidades e estratégias. ABSTRACT: This research discusses the perception that families have regarding the main tenance of the person with mental disorder in "privateprision". This was a qualitativ estudy, which in cluded a bibliograph icalsurvey, field research, observation, documentar analysis, and a questionnaireand semi-structured interview wereused. Five caregivers of people with mental disorder in "privatejail" were included in thestudy. Attendedat the Psychosocial Care Center, CAPS II Norte, in the city of Teresina-PI. The data were analyzed basedon the content analysis, being organized in five axes of discussion: 1) Who are the people with mental disorder in situation of "privateprision", their families and their caregivers; 2) Social vulnerabilities; 3) Reasons for the main tenance of the "privatejail"; 4) Relations hipwith health services and community; 5) Perception of families in relation to the "private prision". There was a predominance of eld erly caregivers, single-parent families underfemale responsibility, and precarious ness in the primary and secondary support network. It was observed that the maintenance of the "privateprision" isassociatedwithfearanddistrust in living withthepersonwith mental disorder, besides in securityand discomfort in the face of the unpredictability of their actions. It was possible to identify that families referto the use of this phenomenon by protection, either in relation to caregivers, or in relation to the people with mental disorder and pressure from the neighborhood network. It is the refore necessary to rethinkthe "privateprision" as a challenge, not only to blame the families who use it, but tounderst and the complexity involved in caring for a person with a mental disorder and to construct new form sofcare with them Families, pointing out new possibilities and strategies.