Abstract:
RESUMO: Este estudo aborda a violência de gênero, especificamente, a violência doméstica contra a mulher em interface com a saúde numa perspectiva de gênero, cujo objetivo consistiu em compreender como se processa o atendimento dos(as) profissionais do Hospital de Urgência de Teresina-HUT às mulheres em situação de violência doméstica a partirdos discursos destes(as) sobre como realizam o atendimento às estas mulheres. Assim, a categoria gênero torna-se indispensável para análise deste fenômeno, posto que a mesma remete a relações desiguais de poder entre os sexos. A violência de gênero, especificamente, a violência doméstica contra a mulher foi reconhecida pela Organização Mundial de Saúde -OMS e Organização Pan-Americana de Saúde -OPAS como um grave problema de saúde pública e uma violação aos direitos humanos das mulheresque causa impactos diversificados a saúde destas. No entanto, tal reconhecimento não é percebido nas ações e discursos de muitos profissionais de saúde, havendo uma invisibilidade do problema nos serviços de saúde em geral.Este estudo trata-sede uma pesquisa de abordagemqualitativa com aplicação de entrevistas semiestruturadas junto a 11 profissionais de saúde,sendo 04 médicos(as),03 enfermeiras e04técnicas de enfermagem. Otratamento analítico dos dados se deu via análise de discurso, além daconstrução de mapas dialógicos de associação de ideias. Os resultados da pesquisa revelaram que os(as) profissionais possuem um conhecimento limitado acerca de gênero e da relação deste com a violência. Em relação ao atendimento profissional identificou-seque as ações realizadas são fragmentadas e focadas no tratamento das lesões físicas, não havendo, na maioria das vezes, acolhimento e escuta qualificada às mulheres que buscam atendimento na instituição.Não existeum protocolo de atendimento específico para os casos de violência doméstica contra a mulher; há ausência de capacitações na área de gênero; a infraestrutura material e física foi apontada comoinapropriada para um atendimento de qualidade; o quadro de profissionais é insuficientediante dagrande demanda de usuários(as)do hospital; Os(as) profissionais desconhecema Rede de Atendimento a Mulher em Situação deViolência,não se reconhecem como membrosdesta, havendosubnotificação destes casos.Conclui-se, portanto ser necessário repensar o atual modelo de atendimento institucional às mulheres em situação de violência, sendo necessário investirem capacitações e treinamentos específicos sobre o tema de gêneroe violência doméstica contra a mulherparaos(as) profissionais da instituição, elaborar estratégias de visibilização do problema na instituição. Sugere-se,a criação de protocolos específicos de atendimento destes casos e estruturação de equipes de referência especializadaspara acolher esta demanda,além da construção deespaços reservados para o atendimento destas usuárias,a fim de que se sintam acolhidas, seguras e encorajadas para romperem o silêncio sobre a violência sofrida, denunciando seus agressores, abrindoassim, caminhos para uma vidalivrede violência. ABSTRACT: This study addresses gender violence, specifically domestic violence against women in gender perspective within a health interface, whose objective was to understand how is processed the professional care in women domestic violence situations of Hospital de Urgência de Teresina –HUT from their discourses on how to provide care to these women. Thus, gender category becomes indispensable for na analysis of this phenomenon, since it refers to unequal power relations between the sexes. Gender violence, specifically domestic violence against women has been recognized by the World Health Organization (WHO) and Pan American Health Organization (PAHO) as a serious public health problem and a violation of women's human rights that causes diverse impacts the health of these. However, such recognition is not perceived in actions and speeches of many health professionals, and there is an invisibility of the problem in health services in general. This study is a qualitative research with application of semi-structured interviews with 11 health professionals, among then 4 physicians, 3 nurses and 4 nursing technicians. The analytical treatment of data occurred through discourse analysis, besides the construction of dialogical maps of idea associations. The research resultsrevealed that the professionals have limited knowledge about gender and its relation to violence. Regarding professional care, it was identified that the actions performed are fragmented and focused on reatment of physical injuries, and in the majority ofcases there is no reception and qualified listening to women who seek care in the institution. There is no specific care protocol for cases of domestic violence against women; there is a lack of capacity in gender area; the material and physical infrastructure was pointed out as inappropriate for a quality service; the number of professionals is insufficient due to great demand of hospital users; the professionals are unaware of Network Assistance to Women in Situation of Violence, they do not recognize themselves as members of this network, with underreporting of these cases. Therefore, it is necessary to rethink the current model of institutional care for women in violence situations and it is necessary to invest in specific training and capacity on the subject of gender and domestic violence against women for the institution's professionals, elaborate visualization strategies of the problem in the institution. It is suggested to create specific protocols to attend these cases and to structure specialized referral teams to meet this demand, as well as to create spaces reserved for the care of these users, so that they feel welcomed, safe and encouraged to break the silence about the violence suffered, denouncing their aggressors, thus opening the way to a life free of violence. We suggest the creation of specific protocols to attend to these cases and the structuring of specialized referral teams to meet this demand, as well as the construction of reserved spaces for the care of these users so that they feel welcomed, safe and encouraged to break the silence about the violence suffered, denouncing their aggressors, thus opening the way to a life without violence.