Abstract:
RESUMO: Leishmaniose Visceral (LV) representa um problema de saúde pública em várias partes do mundo e 90% dos casos da América Latina ocorrem no Brasil, principalmente na região Nordeste, onde é causada pela Leishmania infantum. É transmitida pela picada de Lutzomyia longipalpis e o cão doméstico é considerado a principal fonte de infecção. Existem relatos de parasitismo dérmico em cães com calazar, porém, estudos análogos em humanos são escassos. No entanto, pessoas com LV causada Leishmania infantum foram capazes de infectar flebotomíneos em estudos experimentais. Pessoas infectadas que apresentam parasitismo cutâneo podem atuar como reservatório, permitir transmissão inter-humana e, caso o parasitismo dérmico persista após o tratamento, este sítio poderá ser responsável pela reativação da doença pós terapia. Objetivo: Avaliar o parasitismo cutâneo em humanos com LV americana em área endêmica. Pacientes e métodos: Estudo transversal, no qual os participantes foram selecionados de forma consecutiva. Foram incluídos pacientes com diagnóstico firmado de LV, internados no hospital de referência de enfermidades infecciosas do estado do Piauí “Instituto de Doenças Tropicais Natan Portella” (IDTNP), Teresina-PI, no período de outubro de 2016 a abril de 2017. Em cada indivíduo foi aplicado questionário sobre dados clínicos e laboratoriais e foi coletada biópsia de pele morfologicamente normal do antebraço com punch 3mm para histopatológico e imuno-histoquímica. As variáveis foram analisadas descritivamente pelo software Stata versão 13.0. Resultados: Foram incluídos no estudo 22 pacientes de 5 meses a 78 anos de idade. Sete (31,8%) indivíduos eram infectados pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). Um paciente (4,5%), o qual era coinfectado por HIV, apresentou parasitismo cutâneo no exame histopatológico e na imuno-histoquímica, mas foi negativado após tratamento, mantendo-se ausente após sete meses. Conclusão: Existe parasitismo cutâneo em humanos com LV e este fato deve ser levado em consideração no acompanhamento clínico do paciente e em programas de controle da doença. ABSTRACT: Visceral leishmaniasis (VL) is a public health problem in several parts of the world and 90% of Latin American cases occur in Brazil, mainly in the Northeast region, where it is caused by Leishmania infantum. It is transmitted by the bite of Lutzomyia longipalpis and the domestic dog is considered the main source of infection. There is reports of dermal parasitism in dogs with calazar, but similar studies in humans are scarce. However, people with VL caused Leishmania infantum were able to infect sand flies in experimental studies. Infected individuals with cutaneous parasitism can act as reservoir, allow inter-human transmission and, if cutaneous parasitism persists after treatment, this site could be responsible for the reactivation of post-therapy disease. Objective: To evaluate cutaneous parasitism in humans with American VL in an endemic area. Patients and methods: A cross-sectional study, in which the participants were selected consecutively. Patients with a confirmed diagnosis of VL were admitted to the reference hospital of infectious diseases of the state of Piauí, “Instituto de Doenças Tropicais Natan Portella” (IDTNP), Teresina-PI, from October 2016 to April 2017. a questionnaire was applied on clinical and laboratory data and a morphologically normal skin biopsy was collected of the forearm with 3mm punch for histopathology and immunohistochemistry. The variables were analyzed descriptively by Stata software version 13.0. Results: Twenty-two patients, 5 months to 78 years of age, were included in the study. Seven (31.8%) individuals were infected with the Human Immunodeficiency Virus (HIV). One patient (4.5%), who was coinfected with HIV, presented cutaneous parasitism on histopathological examination and immunohistochemistry, but was negative after treatment, remaining absent after seven months. Conclusion: There is cutaneous parasitism in humans with VL and this fact must be taken into account in the clinical follow-up of the patient and in disease control programs.