A FRONTEIRA ENTRE VIOLÊNCIA E MORALIDADE NA OBRA FELIZ ANO NOVO, DE RUBEM FONSECA.

Abstract

RESUMO: Este trabalho procura investigar o modo como a violência, urbana sobretudo, é tratada por Rubem Fonseca em seu livro de contos Feliz Ano Novo, escrito em 1975. Para tanto, opta-se por uma abordagem que privilegia um diálogo entre o discurso literário e o filosófico, fundamentado nas inter-relações entre os campos ético e estético, de modo a destacar a dupla visada que se procura manter ao longo do trabalho, aquilo que o teórico Hans. Ulrich Gumbrecht define como produção de sentido e produção de presença. Isto permite que se investigue o texto fonsequiano tanto em sua dimensão material, que convida o leitor a uma experiência perturbadora acerca dos efeitos da violência, presentificando-a nos contos selecionados para esta análise, bem como seus desdobramentos polissignificativos. Assim, a dissertação também nos leva aos caminhos teóricos de Iris Murdoch (2013), filósofa e literata que tece reflexões em torno da relação entre ética, estética e moralidade,bem como Antonio Candido (2010), que nos conduz a reflexões sobre o papel da literatura na sociedade, e Ives Michaud (1989), dentre outros teóricos, nos conduz a perpassar pelos diversos caminhos que a violência se manifesta.O contorno do contexto sociológico, cultural e a receptividade crítica dessa obra na literatura brasileira (século XX e XXI) dimensionam o segundo capítulo. Dedicado às definições de violência dentro da obra fonsequiana, o terceiro capítuloabre espaço para reflexões a respeito dessas classificações de violência a partir das ações dos personagens nos contos “Feliz Ano Novo”, “Passeio Noturno I”, “O Outro”, “Nau Catrineta” e “Entrevista”.O estudo de Feliz Ano Novo constitui um campo amplo, diversificado e motivador para o estudo do cenário econômico, cultural e político do Brasil militarista. --------------------- ABSTRACT: This work seeks to investigate how violence, especially urban, is treated by Rubem Fonseca in his book of tales entitled Feliz Ano Novo, written in 1975.Therefore, the option is an approach that favors a dialogue between literary discourse and philosophical, based on the inter-relations between the ethical and aesthetic fields,in order to highlight the targeted double that seeks to maintain throughout the work, what the theorist Hans Ulrich Gumbrecht defines as production of sense and production of presence.This fact allows investigating the fonsequiano text both in its material dimension, which invites the reader to a disturbing experience about the effects of violence,presenting it in the short stories selected for this analysis, as well as its polysignificant unfoldings. Thus, the dissertation also leads us to the theoretical paths of Iris Murdoch (2013), philosopher and literate who weaves reflections around the relation between ethics, aesthetics and morality, as well as Antonio Candido (2010), who leads us to reflect on the role of literature in society, and Ives Michaud (1989), among other theorists, leads us to go through the various paths that violence manifests. The outline of the sociological, cultural context and the critical receptivity of this work in Brazilian literature (20th and 21st century) categorize the second chapter.Dedicated to the definitions of violence within the fonsequiano work, the third chapter opens space for reflections on these classifications of violence from the actions of the characters in the short stories titled “Feliz Ano Novo”, “Passeio Noturno I”, “O Outro”, “Nau Catrineta” e “Entrevista”. The study of Feliz Ano Novo constitutes a broad, diversified and motivating field for the study of the economic, cultural and political scenario of militaristic Brazil.