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RESUMO: INTRODUÇÃO: A qualidade da assistência pré-natal e pós-parto constitui importante indicador de saúde materno-infantil, indispensável à condução saudável da gestação. Variáveis sociodemográficas, econômicas e reprodutivas somadas à gravidez na adolescência, são determinantes sobre o nível de adequação da assistência pré-natal e pós-parto recebida pelas jovens. OBJETIVO: Analisar a qualidade e a equidade da assistência pré-natal e pós-parto entre adolescentes. METODOLOGIA: Estudo transversal realizado com adolescentes puérperas, nas cinco maternidades de Teresina-Piauí. A amostra, probabilística estratificada proporcional, foi calculada conforme a demanda de partos entre adolescentes ocorridos nessas instituições em 2012 (N=3.386), resultando em 483 entrevistadas. A coleta dos dados ocorreu de abril a junho de 2014, por meio de entrevista baseada em formulário pré-testado e consulta ao cartão da gestante. Investigaram-se 16 procedimentos técnicos, dez referentes ao pré-natal e seis ao pós-parto. O índice de qualidade da assistência considerou: início do pré-natal até 12ª semana gestacional, número de consultas realizadas ≥6 e realização de pelo menos 14 procedimentos técnicos. Para associação da equidade, as jovens foram divididas em quatro quartis de renda e três grupos de risco gestacional. O banco de dados foi construído no programa Epi.info 6.04 e analisado no software SPSS versão 17.0. Realizaram-se análises: univariada, por meio de estatística descritiva e bivariada, adotando-se os testes Qui-quadrado e Exato de Fisher, com nível de significância p≤0,05. RESULTADOS: Predominaram jovens com média de 17,9 anos, não brancas (88,0%), em união estável/casadas (75,8%), menor escolaridade (79,5%), sem atividade remunerada (90,5%), pertencentes ao primeiro quartil de renda (52,0%). O perfil reprodutivo foi representado por jovens primíparas (85,7%) e intervalo interpartal inferior a 24 meses (51,4%). O serviço público foi majoritário entre jovens dos menores quartis (p<0,05). Cerca de metade iniciou o pré-natal no 1° trimestre e realizou o mínimo de seis consultas. Os procedimentos técnicos do pré-natal com menores coberturas foram: exames ginecológico (49,1%) e das mamas (23,6%), especialmente para jovens dos menores quartis de renda (p<0,05). Os procedimentos técnicos do pós-parto alcançaram baixas coberturas para todos os quartis de renda. A qualidade da assistência pré-natal e pós-parto alcançou nível adequado para apenas 8,7% das jovens e melhor resultado entre aquelas com maiores quartis de renda (10,7% e 13,3%, respectivamente). Também foi insatisfatória a qualidade da assistência para jovens de alto risco gestacional, em que apenas 0,6% obtiveram atendimento pré-natal /pós-parto adequado. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Foi alta a inadequação da assistência pré-natal e pós-parto, relacionada tanto ao número de consultas e início tardio do acompanhamento como, principalmente, à insuficiente realização de procedimentos essenciais às consultas. A elevada inadequação da assistência entre jovens de menor renda e que possuem risco gestacional ratifica a Lei dos Cuidados Inversos, realidade vivenciada por jovens em situações de iniquidades. Desigualdades no cuidado demonstram ser ainda presentes, fortalecendo a necessidade de políticas voltadas à redução de fatores condicionantes dessas disparidades, em prol da assistência à saúde mais equânime. -------------------- ABSTRACT: INTRODUÇÃO: A qualidade da assistência pré-natal e pós-parto constitui importante indicador de saúde materno-infantil, indispensável à condução saudável da gestação. Variáveis sociodemográficas, econômicas e reprodutivas somadas à gravidez na adolescência, são determinantes sobre o nível de adequação da assistência pré-natal e pós-parto recebida pelas jovens. OBJETIVO: Analisar a qualidade e a equidade da assistência pré-natal e pós-parto entre adolescentes. METODOLOGIA: Estudo transversal realizado com adolescentes puérperas, nas cinco maternidades de Teresina-Piauí. A amostra, probabilística estratificada proporcional, foi calculada conforme a demanda de partos entre adolescentes ocorridos nessas instituições em 2012 (N=3.386), resultando em 483 entrevistadas. A coleta dos dados ocorreu de abril a junho de 2014, por meio de entrevista baseada em formulário pré-testado e consulta ao cartão da gestante. Investigaram-se 16 procedimentos técnicos, dez referentes ao pré-natal e seis ao pós-parto. O índice de qualidade da assistência considerou: início do pré-natal até 12ª semana gestacional, número de consultas realizadas ≥6 e realização de pelo menos 14 procedimentos técnicos. Para associação da equidade, as jovens foram divididas em quatro quartis de renda e três grupos de risco gestacional. O banco de dados foi construído no programa Epi.info 6.04 e analisado no software SPSS versão 17.0. Realizaram-se análises: univariada, por meio de estatística descritiva e bivariada, adotando-se os testes Qui-quadrado e Exato de Fisher, com nível de significância p≤0,05. RESULTADOS: Predominaram jovens com média de 17,9 anos, não brancas (88,0%), em união estável/casadas (75,8%), menor escolaridade (79,5%), sem atividade remunerada (90,5%), pertencentes ao primeiro quartil de renda (52,0%). O perfil reprodutivo foi representado por jovens primíparas (85,7%) e intervalo interpartal inferior a 24 meses (51,4%). O serviço público foi majoritário entre jovens dos menores quartis (p<0,05). Cerca de metade iniciou o pré-natal no 1° trimestre e realizou o mínimo de seis consultas. Os procedimentos técnicos do pré-natal com menores coberturas foram: exames ginecológico (49,1%) e das mamas (23,6%), especialmente para jovens dos menores quartis de renda (p<0,05). Os procedimentos técnicos do pós-parto alcançaram baixas coberturas para todos os quartis de renda. A qualidade da assistência pré-natal e pós-parto alcançou nível adequado para apenas 8,7% das jovens e melhor resultado entre aquelas com maiores quartis de renda (10,7% e 13,3%, respectivamente). Também foi insatisfatória a qualidade da assistência para jovens de alto risco gestacional, em que apenas 0,6% obtiveram atendimento pré-natal /pós-parto adequado. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Foi alta a inadequação da assistência pré-natal e pós-parto, relacionada tanto ao número de consultas e início tardio do acompanhamento como, principalmente, à insuficiente realização de procedimentos essenciais às consultas. A elevada inadequação da assistência entre jovens de menor renda e que possuem risco gestacional ratifica a Lei dos Cuidados Inversos, realidade vivenciada por jovens em situações de iniquidades. Desigualdades no cuidado demonstram ser ainda presentes, fortalecendo a necessidade de políticas voltadas à redução de fatores condicionantes dessas disparidades, em prol da assistência à saúde mais equânime. |
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