Abstract:
RESUMO: Os modos de ser atualmente, influenciam na construção das subjetividades individuais,
moldando a forma de como se deve ser e parecer aos olhos dos outros. Este olhar é vigilante e
direciona as relações que os indivíduos estabelecem uns com os outros. A construção da
subjetividade de alguém passa a ser constituída pela visibilidade, pois o que pode ser visto, só
existe se for legitimado pelo olhar do outro. O cenário atual insere o corpo num processo de
possível ajuste, reparo e adaptação conforme sonhos e desejos do agora. E com as novas
tecnologias, a informação e a acessibilidade alcançam rapidamente os objetivos de mercado e
influenciam nas mudanças da sociedade e no seu processo de constituição subjetiva. Neste
contexto, surge a mangina selfie que é o exemplo do processo de desconstrução normativa
que propõe a liberdade de expressão sobre os desejos e subjetividades. Definida pelo
neologismo "man" (homem em inglês) e "gina" (últimas 2 sílabas do órgão genital feminino),
ela desconstrói o entendimento de gênero nos dispositivos de sexualidade, onde se produz o
masculino e o feminino, possibilitando uma investigação além do contexto binário. O
praticante de mangina selfie faz a pose nu, escondendo o pênis entre as pernas. Neste caso, no
lugar onde deveria mostrar o órgão genital masculino há apenas uma imagem semelhante ao
feminino parecido com uma vagina. Para que a selfie seja perfeita, literalmente nada deve
aparecer. A mangina selfie foi postada em 27 de abril de 2015, data escolhida aleatoriamente
pelos praticantes. Apesar do fenômeno não ter tido continuidade, foi de grande visibilidade e
repercussão, o que a tornou um fenômeno midiático com mais de 15 mil postagens em 24
horas. As postagens foram feitas no Instagram. Eram selfies realizadas primeiramente em
vestiários de academia, mas logo surgiram registros em locais públicos. Por ser um fenômeno
que permite ser e não ser aquele corpo representado, a mangina selfie possibilita ver além do
binário que a normatização moderna instituiu. Como questões norteadoras desse trabalho,
propõem-se identificar como os processos de representação do corpo que atravessam as
posições de gênero binariamente definidos em torno do masculino e do feminino estão sendo
caracterizados pela mangina selfie. E o que tem além desta exposição exagerada do corpo que
tornou a mangina selfie um fenômeno midiático. O objetivo desta pesquisa é, portanto,
interpretar o processo de construção representacional de subjetividade na mangina selfie
presente no Instagram. Como método de investigação utiliza-se a netnografia, uma pesquisa
de caráter exploratório, com uma abordagem qualitativa, sendo um estudo de
caso/observacional. Tivemos como resultado que a omissão da suposta completude
masculina, nesta brincadeira de esconder o pênis, não revelou o sentido de ser ou não ser
homem ou mulher por simulação de ter uma vagina no lugar de um pênis. Assim, o processo
de construção representacional de subjetividade através da mangina selfie presente no
Instagram foi interpretado pela necessidade de visibilidade do corpo através do olhar do
outro, num ambiente virtual onde as novas interações e sociabilidades acontecem mais
facilmente nos dias atuais. ------------------ ABSTRACT: The ways to be today, influence the construction of the individual subjectivities, shaping the
way it should be and look in the eyes of others. This look is vigilant and directs the
relationships that individuals establish with each other. The construction of one's subjectivity
becomes constituted by visibility, for what can be seen exists only if it is legitimated by the
other's eyes. The current scenario inserts the body in a process of possible adjustment, repair
and adaptation according to the dreams and desires of the recent days. And with the new
technologies, information and accessibility quickly reach market objectives and influence the
changes of society and its process of subjective constitution. In this context arises the
mangina selfie that is the example of the process of deconstruction rules which proposes
freedom of expression on the desires and subjectivities. Defined by the neologism "man"
(man in English) and "gina" (the last two syllables of the female genital organ), she
deconstructs the understanding of gender and sexuality device, which produces the masculine
and feminine, allowing an investigation beyond binary context. The mangina selfie
practitioner does nude poses, hiding the penis between the legs. In this case, the place where it
should appear the male genital organ it shows an image similar to the female like a vagina. To
get the perfect selfie, literally nothing should appear. The mangina selfie was posted on April
27th, 2015, date chosen randomly by practitioners. Although the phenomenon has not been
continued, it had great visibility and impact, which became a media phenomenon with more
than 15 000 posts in 24 hours. The posts were made on Instagram. Selfies were first taken in
gym changing rooms, but soon emerged records on public places. It is a phenomenon that
allows it to be and not be what body represented, the mangina selfie allows to see beyond the
binary that modern regulation instituted. As guiding questions of this work, it is proposed to
identify how the processes of representation of the body which cross the positions of binary
gender defined around the masculine and feminine are being characterized by mangina selfie.
And what is beyond this exaggerated exposure of the body that made the mangina selfie a
media phenomenon. The objective of this research is, therefore, to interpret the process of
representational construction of subjectivity in the mangina selfie present on Instagram. As
research method it was used netnography, with an exploratory research with a qualitative
approach, being a case/observational study.