REPRESENTAÇÃO SOCIAL E GEOGRAFIA ESCOLAR: elementos da prática docente na educação básica

Abstract

RESUMO: O ensino de geografia escolar tem sido marcado, ao longo do tempo, pelo predomínio da memorização e enciclopedismo. Essa forma de ensino, bastante utilizada nas salas de aulas, é fruto de uma prática docente tradicional pautada majoritariamente na verbalização dos conteúdos (VIANA; MOURA, 2012) e ancorada no uso de recursos didáticos convencionais como o livro didático (CARDOSO; QUEIROZ, 2016). Em uma sociedade caracterizada pela inovação tecnológica e pelo rápido processamento das mudanças sociais, econômicas, políticas e culturais, a presença de outros recursos como a internet, as histórias em quadrinhos e o vídeo documentário, denominados de recursos didáticos não convencionais (SILVA, 2011), colaboram para uma dinamização da aula, pois tornam as atividades de ensino mais interativas, visto que estimulam a participação ativa do estudante. Diante das possibilidades ofertadas pelo uso destes recursos para a aprendizagem de conteúdos geográficos, a presente pesquisa buscou avaliar a possibilidade de mudanças de representações sociais de recursos didáticos não convencionais e de aprendizagem de Geografia Escolar partilhadas por professores de Geografia e estudantes do Ensino Médio. Estabelecemos como objetivos específicos: identificar a representação social de recurso didático não convencional partilhada por professores de Geografia e estudantes do Ensino Médio; caracterizar o uso de recursos didáticos não convencionais pelos professores de Geografia; conhecer os hábitos de consumo de bens sociais dos estudantes (preferências de consumo de elementos culturais e tecnológicos, tais como: música, cinema, literatura, esporte, informática, etc.); comparar a representação social de recursos didáticos não convencionais articuladas por professores e estudantes antes e depois da aplicação da intervenção pedagógica; verificar mudanças na representação social de ensino-aprendizagem em Geografia articulada por estudantes do Ensino Médio. Para embasar a proposta de investigação recorremos aos seguintes autores: a respeito da contextualização do emprego de recursos didáticos na educação e no ensino de Geografia Escolar, utilizamos os escritos de Carvalho (1970), Graves (1978), Pinchamel (1978), Nérici (1987), Parra e Parra (1986), Haydt (2006), Fiscarelli (2008), Justino (2011), Libâneo (2013); para a compreensão da relação entre prática docente, recursos didáticos não convencionais e ensino de Geografia Escolar, nos embasamos nos estudos de Cool et al (2000), Filizola (2009), Pontuschka, Paganelli e Cacete (2009), Zabala (2010), Castellar e Vilhena (2011), Silva (2011), Cavalcanti (2002; 2012; 2013), Callai (2013; 2015). A pesquisa apoia-se na Teoria das Representações Sociais, desenvolvida por Moscovici (2010), com o emprego da abordagem estrutural, idealizada por Abric (1976), tendo natureza qualitativa, do tipo pesquisa-ação. Foi realizada no Instituto Federal do Piauí, campus Teresina Central, localizada no centro da capital do Piauí. A investigação ocorreu em regime de colaboração, realizada entre agosto e dezembro de 2017, com observação da prática docente, planejamento e execução de ações didáticas que tinham como intento a inclusão de produtos culturais na sala de aula de Geografia, como forma de verificar a ocorrência de possíveis modificações na estrutura da representação social. Empregamos como instrumentos para a coleta de dados da pesquisa o Teste de Associação Livre de Palavras (TALP), questionário socioeconômico e cultural, entrevista semiestruturada e grupo focal. Os testes foram empregados na fase inicial e final da pesquisa colaborativa e para registro do acompanhamento das ações de intervenção pedagógica adotamos diário de campo. O processamento das informações se deu por meio do uso dos softwares Word, Excel e EVOC e emprego da técnica de análise de conteúdo. Das análises feitas inferimos que os dados apontam para uma modificação das representações identificadas. ABSTRACT: The teaching of school geography has been marked, over times, by the predominance of memorization and encyclopedism. This form of teaching, widely used in classrooms, is the result of a traditional teaching practice based mostly on the verbalization of contents (VIANA, MOURA, 2012) and anchored in the use of conventional didactic resources such as the didactic book (CARDOSO, QUEIROZ, 2016). In a society characterized by technological innovation and rapid processing of social, economical, political and cultural changes, the presence of other resources such as the internet, comics and documentary video, called non-conventional didactic resources (SILVA, 2011), collaborate for a dynamic class, as they make teaching activities more interactive, since they stimulate the active participation of the student. Faced with the possibilities offered by the use of these resources for the learning of geographic contents, the present research has sought to evaluate the possibility of changes in social representations of unconventional didactic resources and learning of School Geography shared by Geography teachers and high school students. We established specific objectives as: identifying the social representation of non-conventional didactic resources shared by Geography teachers and high school students; characterizing the use of unconventional didactic resources by teachers of Geography; knowing the consumption habits of students’ social goods (preferences of consumption of cultural and technological elements, such as: music, cinema, literature, sports, computers, etc.); comparing the social representation of non-conventional didactic resources, articulated by teachers and students before and after the application of the pedagogical intervention; verifying changes in the social representation of teaching-learning of Geography articulated by high school students. In order to support the research proposal, we have recourse to the following authors: the contextualisation of the use of didactic resources in education and the teaching of School Geography, we use the writings of Carvalho (1970), Graves (1978), Pinchamel (1978), Nérici (1987), Parra and Parra (1986) Haydt (2006), Fiscarelli (2008), Justino (2011), Libâneo (2013); (2009), Pontuschka, Paganelli and Cacete (2009), and Zabala (2010). Throughout this work, we present a study of the relationship between teaching practice, non-conventional teaching resources and teaching of School Geography. Castellar and Vilhena (2011), Silva (2011) Cavalcanti (2002, 2012, 2013), Callai (2013 and 2015). The research is based on the Theory of Social Representations, developed by Moscovici (2010), using the structural approach, idealized by Abric (1976), bringing a qualitative, action-type nature. It was held at the “Instituto Federal do Piauí”, Teresina Central campus, located in the center of the capital of Piauí. The research was carried out in collaboration between August and December 2017, with observation of teaching practice, planning, and execution of didactic actions that attempted to include cultural products in Geography classroom, as a way of verifying the possible changes in the structure of social representation. We used as instruments for the data collection of the research, the Free Word Association Test (TALP), socioeconomical and cultural questionnaire, semi-structured interview and focus group. The tests were used in the initial and final phases of the collaborative research and to record the follow-up of the pedagogical intervention actions, we adopted field diary. The information processing was done through the use of Word, Excel and EVOC software and the use of the content analysis technique. From the analyzes made, we infer the data point to a modification of the identified representations.